Portugal vai manter-se "na linha da frente" em missões da ONU como construtor de pontes
primeiro-ministro prometeu hoje ao secretário-geral das Nações Unidas que Portugal se vai manter "na linha da frente" como construtor de pontes entre nações em missões das Nações Unidas no terreno, como a da República Centro-Africana.
Luís Montenegro falava no final de um encontro de cerca de uma hora com o secretário-geral da ONU, António Guterres, na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento (Lisboa).
"Quero dizer ao secretário-geral das Nações Unidas que Portugal continuará, no contexto internacional, a promover a sua vocação universalista e a promover a sua participação em missões de paz com total empenhamento. Nós estaremos na linha da frente para ser construtor de pontes entre nações e também estaremos na linha da frente das forças destacadas no terreno para garantir a paz, para garantir a preservação dos direitos humanos, como fazemos hoje em vários locais, particularmente na a República Centro-Africana, com reconhecimento de forma transversal", disse.
Numa declaração sem direito a perguntas, ao lado de António Guterres, Montenegro defendeu que este posicionamento de Portugal tem uma inspiração nos seus quase nove séculos de existência, mas também associada ao reconhecimento nas organizações internacionais "do valor da política portuguesa e do valor da diplomacia portuguesa".
"Não é por acaso que temos o secretário-geral das Nações Unidas, que tivemos um português dez anos presidente da Comissão Europeia, temos hoje confirmada a participação de uma portuguesa na Comissão Europeia com especiais responsabilidades, teremos a partir do próximo dia 1 de dezembro o presidente do Conselho Europeu, também um português, precisamente o meu antecessor, o dr. António Costa", salientou.
Para Montenegro, estas escolhas de portugueses para cargos de topo internacionais reconhecem a capacidade do país "de moderação e de colocar em diálogo países, às vezes forças, que estão em conflito".
Pontualmente às 16:00, Montenegro recebeu o antigo primeiro-ministro socialista entre 1995 e 2002 na base das escadarias de São Bento: "Bem-vindo a esta casa que também é sua", numa afirmação que repetiu nas declarações à imprensa.
"Tive o privilégio de poder ter uma longa conversa com o secretário-geral das Nações Unidas, na sala de trabalho que ocupo todos os dias e que, durante cerca de seis anos e meio, foi também ocupada por ele, no exercício das funções de primeiro-ministro", destacou.
O primeiro-ministro referiu que, nos últimos meses, já se encontrou por duas vezes com António Guterres, primeiro em setembro na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, e na semana passada na reunião do G20, no Rio de Janeiro.
Montenegro reiterou a defesa que tem feito, nesses fóruns, de uma reforma institucional nas Nações Unidas e da revisão do direito de veto no Conselho de Segurança da ONU
"Aquilo que acontece ao nível do funcionamento do Conselho de Segurança é, objetivamente, um problema. Há bloqueios na capacidade decisória e há bloqueios na capacidade de implementar decisões", apontou.
Montenegro repetiu também o apoio de Portugal a que países como o Brasil, Índia e países africanos possam ter assento no Conselho de Segurança da ONU e voltou a elogiar o Pacto para o Futuro lançado por Guterres na última Assembleia-Geral da Organização.
Montenegro transmitiu a Guterres que Portugal continuará "a estar ao lado da Ucrânia na defesa da integralidade do seu território" e "ao lado de todos aqueles que são afetados pela falta de ajuda humanitária no Médio Oriente, estejam de que lado estiverem", afirmou.
"É um privilégio para nós poder ter mais uma vez a oportunidade de trocar impressões consigo, receber informações importantes e também transmitir de forma reiterada o nosso apoio, o nosso empenho e a nossa motivação para continuarmos a estar à altura da responsabilidade histórica", disse.
António Guterres está em Portugal devido à realização do 10.º Fórum Global da Aliança das Civilizações das Nações Unidas (UNAOC), que hoje terminou no Centro de Congressos do Estoril, no concelho de Cascais.