FC Porto entre o início promissor e a pior crise de resultados em 16 anos
O FC Porto quebrou este mês um arranque promissor de época com três derrotas seguidas em competições distintas, na pior sequência do clube da I Liga de futebol em 16 anos, elevando a contestação ao treinador Vítor Bruno.
Em plena temporada de estreia como técnico principal, o ex-adjunto de Sérgio Conceição soma 13 vitórias, um empate e cinco desaires em todas as provas e até conquistou a Supertaça Cândido de Oliveira no princípio de 2024/25, mas tem vindo a perder fulgor.
O FC Porto atravessa uma sequência de três derrotas, algo que não acontecia desde novembro de 2008, sob alçada de Jesualdo Ferreira.
Ao perderem com reviravolta no terreno do Moreirense (1-2), os 'dragões' foram afastados na quarta eliminatória da Taça de Portugal e falharam a conquista do troféu pela quarta época seguida, interrompendo um recorde absoluto de 22 vitórias consecutivas na prova.
O FC Porto não 'caía' tão cedo na Taça desde 2016/17 e deu continuidade às derrotas averbadas antes da paragem para as seleções nacionais nos terrenos dos italianos da Lazio (1-2), com golos consentidos no período de compensação de cada parte, na quarta jornada da fase de liga da Liga Europa, e do Benfica (1-4), na 11.ª ronda do campeonato.
Ao sofrer quatro golos do rival da Luz em clássicos para a I Liga pela primeira vez desde 1964/65, manteve o segundo lugar, com 27 pontos, mas já a seis do líder invicto Sporting e apenas dois à frente das 'águias', terceiras classificadas, que têm um jogo em atraso.
O FC Porto já tinha vacilado em Alvalade (0-2), na quarta jornada, mas o presidente André Villas-Boas declarou "fé absoluta" em Vítor Bruno, a sua aposta técnica desde que tomou posse em maio como sucessor de Pinto da Costa, líder durante 42 anos e 15 mandatos.
O treinador foi um dos principais visados por quase duas dezenas de adeptos na chegada ao Olival após a goleada na Luz, cenário replicado no domingo à porta do Estádio do Dragão, onde cerca de meia centena pediu a sua demissão e cantou por Pinto da Costa.
Além de terem assobiado e deixado palavras de insatisfação à equipa, os contestatários rebentaram dois petardos e arremessaram uma tocha contra o autocarro 'azul e branco', levando Villas-Boas, Jorge Costa, diretor do futebol profissional, e outros dirigentes do clube a saírem das garagens rodeados de seguranças para tentarem serenar os ânimos.
Vítor Bruno continua em funções, mas agora numa posição mais fragilizada antes da visita aos belgas do Anderlecht, na quinta-feira, para a quinta de oito jornadas da Liga Europa, numa altura em que o FC Porto ocupa o 22.º lugar, penúltimo de acesso ao play-off, com quatro pontos, cinco abaixo das oito vagas de entrada direta nos oitavos de final.
Antes da derrota com a Lazio, os 'dragões' bateram em casa os alemães do Hoffenheim (2-0), mas perderam fora com o campeão norueguês Bodo/Glimt (2-3), desaproveitando quase 40 minutos em superioridade numérica, da mesma forma como se deixaram empatar nos descontos da receção aos ingleses do Manchester United (3-3), ainda sem Ruben Amorim.
Presença frequente nas últimas quatro décadas na Liga dos Campeões, o FC Porto atua pela 17.ª vez, e primeira desde 2021/22, na segunda prova continental de clubes, que venceu em 2002/03, na era Taça UEFA, e 2010/11, sob a designação de Liga Europa.
Além de evitar em Bruxelas uma quarta derrota consecutiva, que só aconteceu por uma vez na história 'azul e branca', em dezembro de 1964, a equipa de Vítor Bruno tentará resgatar as sensações dos primeiros três meses da época, pautados por nove vitórias na I Liga.
No século XXI, esse registo iguala os arranques de 2002/03, 2011/12, 2015/16 e 2018/19 à 11.ª jornada, mas está longe do máximo de 31 pontos, em 33 possíveis, de 2010/11, na única temporada de Villas-Boas como técnico portista, e 2017/18, com Sérgio Conceição.
Vítor Bruno, que completa 42 anos em 02 de dezembro, até teve uma estreia auspiciosa, ao vencer a Supertaça frente ao campeão nacional Sporting (4-3, após prolongamento), em Aveiro, após três golos de desvantagem, fazendo com que o FC Porto se tornasse o emblema nacional mais laureado, com 86 troféus, contra 85 do Benfica e 55 dos 'leões'.
Entre todas as competições, o conimbricense alcançou 68,4% de aproveitamento nas primeiras 19 partidas pelos 'dragões', taxa que, neste século, iguala a do espanhol Julen Lopetegui, mas fica atrás dos 89,5% de André Villas-Boas e dos 73,7% de Jesualdo Ferreira e Sérgio Conceição.