Turismo

“O turismo só deve ser encorajado na medida em que proporcione à população hospedeira uma vantagem de ordem económica, antes de tudo, sob a forma de lucros e emprego, que a mesma terá desejado, em que a vantagem seja duradoura e não traga prejuízos aos outros aspetos da qualidade de vida. As implicações de um projeto, custos e benefícios económicos, compatibilidades sociais e ecológicas, deverão ser esclarecidas antes da execução...”. (Krippendorf (1989) em “Gestão Destinos Turísticos”, 2020, Paulo Almeida, pg. 53; Politécnico de Leiria)

“A cidade não é mais capaz de suportar, sem enfraquecer o seu valor patrimonial e ver a sua habitabilidade geral comprometida, uma presença tão maciça de atividades e meios para uso turístico exclusivo concentrados em apenas cinco quilómetros quadrados”, pode ler-se no comunicado do Conselho Municipal de Florença, Itália.

“Os dados mais recentes revelam que até setembro de 2024, o número de turistas em Florença foi superior a 7,8 milhões, seguindo a tendência de crescimento registada nos últimos anos.” “Em resposta ao crescente incómodo dos moradores com o que consideram ser “turismo excessivo”, a cidade italiana de Florença decidiu adotar 10 novas medidas, para além das que já tinha implementado no passado recente.” (“Florença adota novos planos para combater “excesso de turismo”, Publituris, 15 Nov.)

“Hallstatt, na Áustria, é um vilarejo alpino inegavelmente pitoresco, localizado às margens de um lago. Sua bela vista panorâmica poderia muito bem ter saído de um livro de contos de fadas. Tanto é verdade que as lendas urbanas dizem que Hallstatt serviu de base para Arendelle — a cidade de Frozen, o enorme sucesso de animação da Disney. E encontrei na cidade uma mãe sul-coreana que trouxe suas duas filhas pequenas vestidas de princesas, exatamente por este motivo. Mas Hallstatt tem cerca de 800 habitantes, que são simplesmente engolidos pelos cerca de 10 mil visitantes diários da cidade. Muitos deles descem de grandes ônibus de turismo e começam a perambular em busca da selfie perfeita, às vezes pelos próprios jardins de casas locais. Alguns moradores ficaram fartos desta situação e organizaram um protesto no ano passado. Eles

bloquearam o túnel que liga a cidade à rodovia. O urbanista Friedrich Idam, morador de Hallstatt de longa data, foi um deles. Ele mora em uma casa no morro às margens do lago. Idam conta que não deseja ver turistas vindo apenas por um dia. Segundo ele, esses visitantes gastam pouco dinheiro e tornaram sua vida insuportável.

“Não existe mais espaço público para mim e para os meus vizinhos”, queixa-se Idam. “No cemitério da igreja, os turistas tiram selfies e posam sobre os túmulos.” (“As cidades do mundo que não aguentam mais receber tantos turistas”, 15 Junho, BBC)

“Os habitantes de Split (cidade da costa dálmata da Croácia) querem mudar a imagem da sua cidade como destino de festas e trocar os turistas desordeiros por famílias educadas.” (“Rendas elevadas, comportamentos de embriaguez e urinar em público: Os habitantes de Split estão fartos de turistas festeiros”, 02 Nov., Euronews)

“....em alguns destinos turísticos, o desenvolvimento da atividade turística produz uma degradação crescente do ambiente natural que por vezes ultrapassa os limites de capacidade de carga. Contudo, só recentemente se reconheceu que o turismo se desenvolve em ambientes que têm os seus limites próprios. Muitas das vezes, vão-se descobrindo os limites do desenvolvimento turístico apenas quando o meio ambiente e a indústria turística já sofreram danos muito graves ou irreversíveis devido às ações dos gestores turísticos e dos próprios turistas (O’Reilly, 1986; Butler, 1996; OMT, 1998).” (“Gestão Destinos Turísticos”, 2020, pg. 43, Paulo Almeida, Politécnico de Leiria)

João Freitas