25 de Novembro…
Há datas que não são apenas momentos no calendário; são marcos que moldam o rumo de uma nação. O 25 de Abril trouxe a liberdade a Portugal, mas o 25 de Novembro de 1975 foi o dia em que a democracia venceu o caos e evitou o regresso ao autoritarismo, sob outra bandeira. Uma vitória menos celebrada, mas igualmente essencial para sermos quem somos hoje.
Naquele Novembro tenso, o país parecia à beira de um abismo. Um clima de confrontos ideológicos exacerbados e facções militares divididas ameaçava a frágil liberdade conquistada em 25 de abril de 1974. A promessa de um Portugal democrático estava em risco de ser engolida pelas sombras de um extremismo que, à direita ou à esquerda, ignorava os anseios do povo por paz e estabilidade.
E foi nesse cenário que emergiram figuras que merecem ser lembradas. Entre elas, o general António Ramalho Eanes, cujo nome se tornou sinónimo de prudência e determinação. Ao liderar as forças que enfrentaram e contiveram os movimentos mais radicais, Eanes revelou a serenidade necessária para evitar um derramamento de sangue e a firmeza de quem compreendia o peso daquele momento.
Mas o 25 de Novembro não pertence apenas a estes protagonistas. Ele pertence a todos os que acreditaram – e ainda acreditam – que a liberdade vale o esforço e o sacrifício. Ele pertence aos que rejeitaram ditaduras, fossem de direita ou de esquerda, e escolheram um caminho que, apesar de imperfeito, é o único onde cada voz pode ser ouvida.
Celebrar o 25 de Abril e o 25 de Novembro é reconhecer que a liberdade não nasce feita nem a democracia é garantida sem esforço. O primeiro dia trouxe-nos a esperança; o segundo consolidou a responsabilidade. Juntos, recordam-nos que os caminhos de um povo nunca são lineares, mas que, com coragem e determinação, os valores democráticos podem prevalecer.
Hoje, ao olharmos para o país que somos, percebemos o quão preciosas são essas conquistas. Que jamais as deixemos apagar, que jamais esqueçamos o sangue, as lágrimas e os sacrifícios que fizeram destas duas datas os pilares da nossa liberdade.
O 25 de Novembro de 1975 é, e será sempre, uma lembrança de que a democracia exige coragem e vigilância. Viva a liberdade – mas, acima de tudo, viva a liberdade com responsabilidade. É essa a herança que recebemos e o legado que devemos deixar.
Viva o 25 de Abril! Viva o 25 de Novembro! Viva a liberdade!
José Augusto de Sousa Martins