A memória curta e os interesses pessoais que em nada ajudam a Madeira e os Madeirenses
A poucos dias de debatermos o Orçamento Regional para 2025, eis que os Partidos da oposição continuam a brincar à política e aos assaltos devidamente engendrados ao poder, como se nada fosse, sem que sequer por um segundo, fossem capazes de refletir, seriamente e em consciência, nas consequências de toda esta instabilidade deliberadamente motivada pelo Partido Chega, com a suposta conivência das restantes forças.
O espetáculo, apesar de lamentável, é digno de se ver, sobretudo quando assistimos a cenas muito bem ensaiadas por parte daqueles que lançam o isco para ver quem apanha e que, logo depois, recuam na cadeira, fazendo lembrar os namoricos de antigamente, em que os olhares marotos depressa se escondiam por detrás dos cortinados da janela. Encenações que, todavia, não disfarçam o facto de tudo já estar devidamente tratado nos “bastidores”.
A verdade é que neste momento, tudo parece valer para que se expulse quem governa, depois de ter sido legitimamente eleito pela população há menos de seis meses.
Vale tudo para garantir-se que o Governo vá abaixo e que outro venha, mesmo que tudo se mantenha igual, apenas e só nalguns casos - e como bem sabemos - em nome de interesses pessoais e partidários que falam mais alto.
É que só à luz de interesses pessoais é que se entende que, por exemplo, o PS/M se disponibilize a aprovar uma Moção de Censura que apelida a sua liderança, de forma frontal e sem deixar quaisquer margens para dúvidas, de incompetente e falhada, ridicularizando-a em toda a linha.
O mesmo PS/M que parece estar a contar o tempo para que o PSD/M saia do poder mas, estranhamente, vota a favor do adiamento da discussão desta Moção, permitindo antes a discussão do Orçamento, mesmo quando nada mais faz do que repetir que não cabe ao PS/M aprovar um Orçamento que não é seu mas sim da direita.
Da mesma forma que só à luz de interesses pessoais - e das ordens que chegam vindas de outros campos de batalha - é que se entende que Partidos como o Chega, assumidamente satisfeitos com o Orçamento e com o facto deste integrar algumas das suas propostas - apresentem uma Moção de Censura à pressa e feita às três pancadas para fazer o Governo cair, mesmo que deixando claro que a estabilidade da Região é uma prioridade. Sem dúvida.
Mas será que realmente vale tudo? E onde fica o interesse da Madeira e de todos nós, Madeirenses, no meio desta luta desenfreada pelo poder a qualquer custo?
Será que todos aqueles que querem, à força, chegar ao poder, têm de criar toda esta crise e toda esta instabilidade política para conseguir tal feito, como se nem tivessem mérito próprio para chegar lá em condições normais e legitimamente previstas no calendário democrático estipulado, aproveitando-se da eventual fragilidade que alimentam?
Será que a memória é curta para aqueles que tendo já estado na liderança de Partidos políticos, sabem perfeitamente quando, como e de que forma dela saíram? Ou será necessário uma ajudinha para lembrar?
E, já agora e a par da memória curta, será que aqueles que diariamente se afirmam e predispõem para trabalhar pela união ainda não perceberam que foram e são os principais responsáveis pelas eventuais desuniões que alimentam, fazendo jus a estratégias passadas do “dividir para reinar” e porque também olham para toda esta instabilidade como uma oportunidade a ganhar, ao invés de uma realidade evitar?
Tantas perguntas, tão poucas respostas.
E nisto quem sai sempre mais prejudicado é quem devia ser respeitado e defendido acima de todas e quaisquer jogadas políticas, acima de todos e quaisquer interesses políticos, partidários ou pessoais: o nosso povo, que é soberano, que soube escolher e que caso venha a ser novamente chamado às urnas, saberá certamente escolher pelo futuro.