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Têxtil português com quebra de 5% nas exportações em 2024 por causa da guerra

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As exportações do sector têxtil português vão sofrer uma queda de cerca de 5% este ano, por causa da guerra, devendo situar-se entre os 5.600 e os 5.700 milhões de euros, foi ontem anunciado.

Em declarações à agência Lusa em Vila Nova de Famalicão, durante o 26.º Fórum da Indústria Têxtil, o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), Mário Jorge Machado, acrescentou que em 2023 também já se tinha registado uma quebra de 5% nas exportações.

"Veio a guerra, veio a inflação, vieram os aumentos dos custos de energia, veio a retração dos consumidores. Os portugueses e os europeus têm vindo a aumentar a quantidade de dinheiro que têm no banco, estamos a comprar todos menos porque estamos a viver num ambiente de guerra", referiu.

Segundo Mário Jorge Machado, a indústria têxtil e do vestuário portuguesa atravessa "momentos difíceis", com a crise económica dos seus principais mercados de exportação e com o "desinvestimento dos governos nacionais nos setores tradicionais".

"Estes setores, esquecidos por muitos, são fundamentais para a criação de riqueza, emprego, inovação e para o contributo fiscal ao fiscal. A falta de reconhecimento por esse papel crítico tem sido frustrante", apontou.

Aproveitando a presença na sessão de abertura do fórum do secretário de Estado da Economia, o líder da ATP apelou para a necessidade políticas públicas que apoiem as empresas em vez de lhes complicarem a vida.

"Quando nós estamos a atravessar um deserto, é preciso ajuda para atravessar esse deserto", referiu.

Pediu, designadamente, energia a preços competitivos, o combate à burocracia e à ineficiência do Estado, a simplificação dos programas de candidaturas a incentivos para a produção e internacionalização e a redução dos tempos de resposta, a diminuição da carga fiscal e a inclusão de critérios de sustentabilidade nas compras públicas e da defesa que favoreçam a produção nacional e europeia.

Defendeu ainda que é urgente garantir condições equitativas para os fabricantes europeus, sublinhando que os produtos importados devem ser submetidos aos mesmos critérios rigorosos de conformidade ambiental e social que se aplicam às empresas locais.

Para Mário Jorge Machado, com a ajuda do Governo em algumas daquelas matérias, o têxtil português estará "muito bem preparado" para, quando terminar a guerra, dar uma vez mais a volta por cima, fruto dos investimentos que tem feito em tecnologia e inovação.

"Quando a conjuntura internacional se alterar, este setor certamente que vai ser dos setores que vai tirar mais proveito, por toda a preparação que fez e todo o investimento que fez ao longo destes anos", rematou.

O secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, sublinhou a resiliência do setor têxtil, que tem sido capaz de se reinventar graças à inovação e incorporação de tecnologia e à qualificação dos trabalhadores.

O governante prometeu o reforço dos incentivos aos projetos de promoção internacional, criando regras mais simples e transparentes.

Assumiu ainda um "compromisso claro" com a simplificação dos programas de incentivos e com a rapidez das respostas e dos pagamentos.

Sobre os produtos importados de fora da Europa, João Rui Ferreira defendeu que "é preciso, de uma vez por todas, criar regras iguais para situações iguais", de forma a que "todos respeitem o mesmo que é exigido às empresas baseadas na Europa".

Espanha, França e Alemanha são os três principais mercados da exportação do setor, seguidos da Itália e dos Estados Unidos da América.