Compromisso para a estabilidade europeia
Quando, em julho passado, os Socialistas & Democratas europeus (S&D) apoiaram a recondução de Ursula von der Leyen para presidir a Comissão Europeia, fizemo-lo por respeito ao resultado das eleições europeias e por considerarmos que é necessário que as forças europeístas do Parlamento Europeu se mantenham unidas para construir uma Europa forte.
Na última quarta-feira, chegamos a um entendimento, que deverá servir como uma base para a aprovação do Colégio de Comissários, que funciona como uma espécie de Governo na Europa, onde todos os Estados-Membros estão representados. O documento assinado pelos líderes dos S&D, grupo no qual me integro, PPE e Renew reafirma o nosso compromisso de trabalhar em conjunto, priorizando o bem comum em detrimento de algumas divergências, naturais pelo posicionamento político dos diferentes grupos.
É acima de tudo uma demonstração de maturidade e responsabilidade, necessária num momento em que a Europa enfrenta desafios urgentes e complexos. Vivemos num mundo cada vez mais instável, com ameaças geopolíticas, desigualdades sociais e alterações climáticas que exigem respostas claras. O entendimento entre os grupos destaca-se como uma prova de que o interesse coletivo pode prevalecer sobre as divergências partidárias.
Esta plataforma de cooperação estabelece compromissos em áreas fundamentais, mas é na agenda social que vemos o maior potencial transformador. É essencial reafirmar o modelo europeu que coloca as pessoas no centro. Promover um caminho claro para criar condições de trabalho dignas, acesso à educação de qualidade, habitação acessível, sistemas de saúde robustos e uma mobilidade e transportes sustentáveis. Medidas que refletem uma visão de desenvolvimento económico que não deixa ninguém para trás, construindo uma sociedade mais justa e resiliente.
Apesar das diferenças entre os três grupos, a visão partilhada para o futuro da Europa é evidente. Concordamos que a União Europeia deve liderar pelo exemplo, defendendo valores como o Estado de direito, a democracia e os direitos humanos e, ao mesmo tempo, promover um crescimento sustentável e inclusivo. Para o grupo que integro, este compromisso não é um ponto de chegada, mas de partida. Acreditamos que a nossa participação ativa na busca por consensos entre as famílias pró-europeias assegurará que o foco nas pessoas permanece central. Não basta avançar, é preciso avançar com justiça social, garantindo que os benefícios da integração europeia serão sentidos por todos os cidadãos, por mais geograficamente afastados estejam de Bruxelas, como é o caso dos madeirenses.
A Europa que imaginamos e pela qual trabalhamos é uma Europa de oportunidades, mas também de solidariedade. É uma Europa que protege os seus cidadãos, investe no seu futuro e lidera o mundo com base nos valores que nos unem. Como democratas, continuaremos a ser uma voz ativa e crítica, garantindo que o bem-estar das pessoas está sempre no centro das decisões europeias. Afinal, o que está em jogo não é apenas a estabilidade do presente, mas o legado que deixaremos às gerações futuras.