JPP resiste a coligações e Élvio Sousa diz que “mais vale só do que mal-acompanhado”
O líder do JPP, Élvio Sousa, emitiu este domingo um comunicado onde reafirma a independência do partido no meio da crescente instabilidade no cenário político regional.
Élvio Sousa revela que o partido tem recebido conselhos constantes da população para se manter distante de alianças com outras forças políticas, em especial no actual contexto de crise. Sem nunca nomear que forças políticas se tratam, fica implícito que Élvio Sousa se refere ao PS, que ainda há poucos dias, através do líder Paulo Cafôfo, voltou a falar desse cenário de aproximação entre os dois partidos.
“A situação política está insustentável”, afirmou o líder, referindo-se à turbulência que afecta o PSD e o Chega, após o último ter retirado o apoio ao Governo de Miguel Albuquerque e apresentado uma moção de censura que vai ser votada a 17 de Dezembro, tendo já garantidos os votos a favor do Chega, PS e JPP. Logo, em princípio, o governo cairá.
Segundo Élvio Sousa, “não há quem confie numa só palavra deste governo de Albuquerque. Até os próprios deputados do PSD têm sérias dúvidas”, referindo-se ao recente 'cartão amarelo' apresentado pelos social-democratas na ALM que se abstiveram numa votação que censurava a escolha de um arguido no caso 'Ab Initio' - Bruno Freitas - para ser assessor da ARM.
Élvio Sousa destaca que o JPP tem recebido inúmeras mensagens de apoio vindas de cidadãos que pedem ao partido para permanecer fiel ao seu percurso independente. “Dizem: ‘não se juntem a eles, façam o vosso caminho, devagar, devagarinho. Não tenham pressa. Vocês são o único partido da Madeira que defende o povo e toda a classe trabalhadora’”.
Para o líder do JPP, o momento exige prudência e distanciamento estratégico das “tentativas de colagem oportunistas”. E cita o provérbio popular que considera mais relevante do que nunca: “Mais vale só do que mal-acompanhado”.
Em relação ao cenário de possíveis eleições antecipadas, Élvio Sousa é simultaneamente directo, mas também ambíguo: “A situação política requer muita ponderação e também moderação. Realisticamente, o cenário de eleições não é o desejável pelos cidadãos, mas, na prática, a palavra de Albuquerque vale tanto como a de um vendedor de banha de cobra. Ninguém quer ser o seu fiador! Nem após lançar o repto”.
Para Élvio Sousa, “carregar às costas o peso dos outros é um fadário, no bom madeirense”. O JPP parece assim determinado a seguir uma trajectória independente, ressoando as vozes populares que lhe pedem para priorizar a defesa dos interesses da classe trabalhadora e da população madeirense.