Não há desculpa…
Os homens e as mulheres não são iguais embora nos dias que correm algumas teorias nos tentem fazer acreditar nisso. Na verdade hoje em dia há teorias para tudo. Mas os homens e as mulheres não são iguais. Ambos têm características próprias e outras mais vincadas. Merecem isso sim a mesma equidade no tratamento e no acesso e embora essa luta não esteja ganha já esteve bastante mais longínqua. Ainda assim parece-me evidente, pelo menos nos tempos e na história que conhecemos que o homem tem maior força física. Talvez no futuro com esta miscelânea de géneros e criativas (para não lhe chamar outra coisa) nomenclaturas tudo possa ser diferente mas até aqui o corpo masculino tem os músculos através dos quais exercemos a nossa força, mais desenvolvidos ou aptos a se desenvolverem. Isso, para além de muitas outras razões sobejamente conhecidas, fazem com que o poder exercido de um através do outro resulte numa balança brutalmente desigual.
À falta de melhores argumentos ou recursos alguns “machos” com desenvolvimento cognitivo limitado ou com problemas do foro psíquico têm usado essa capacidade para subjugar, manipular, humilhar e em certos casos eliminar companheiras, acompanhantes ou amores platónicos, umas vezes por raiva, outras por ciúmes ou tão só por maldade, por acharem que podem tudo e são donos de alguém. Ora se isso aos olhos de uma pessoa comum é inadmissível e inaceitável, no tempo em que vivemos não pode nem deve ser desculpado sob pena de estarmos a alimentar um dos maiores cancros da nossa sociedade. A violência contra as mulheres. Seja ela física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral através da “simples” calúnia, difamação ou injuria. E somos por isso nós, do sexo masculino que temos que mudar, alterar os nossos comportamentos, perceber os limites de um relacionamento, até onde podemos ir e acima de tudo, aceitar que ninguém é de ninguém e que ninguém pode ficar pelo medo, pelo receio de consequências mais severas.
Numa altura em que a violência parece voltar a crescer pelo mundo fora e que somos inundados por notícias sobre agressões, guerras e tumultos é fundamental sermos cada um de nós, mais do que nunca, os capacetes azuis que trazem a esperança e que podem não deixar proliferar esta cultura de ódio e de normalização da ofensa. Bem sei que a vida é cada vez mais complexa, que todos os dias somos testados até ao limite da nossa capacidade intelectual e emocional mas tudo tem um limite e uma forma de actuar sobre os problemas. É na educação para os comportamentos civilizados e humanistas que podemos desenvolver nas novas gerações uma visão para uma sociedade que não permita os atos hediondos a que temos assistido ao longo da história da humanidade mas é acima de tudo através do exemplo, das nossas atitudes diárias que lhes podemos mostrar o respeito que é preciso ter pelos outros, pela vida e neste caso especifico pelas mulheres (e pelos homens também obviamente).
Amanhã dia 25 de Novembro assinala-se o “Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres” e o lema deste ano é #noexcuse ou em bom português, não “há desculpa, não é desculpável”. Para terem uma pequena noção, porque é bom termos dados concretos, no primeiro trimestre deste ano ocorreram em Portugal 9 homicídios em contexto de violência doméstica ( 8 mulheres, 1 homem ). No segundo trimestre foram registadas na Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica, 1419 pessoas das quais mais de 85% foram do sexo feminino. Foram transportadas 450 vítimas e abrangidas pelo sistema de proteção 5122 pessoas. Em 3 meses!!! Em 2023 segundo dados das Nações Unidas, pelo menos para 51100 “o ciclo de violência de género terminou com um último e brutal ato - o seu homicídio por parceiros e familiares. Isto significa que uma mulher foi morta a cada 10 minutos.”
Quando é que isto acaba?