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Uma Europa mais isolada

Os EUA voltaram a eleger um político protecionista e pouco transatlântico como seu líder, deixando a UE a ruminar, mais uma vez, sobre qual deverá ser o seu posicionamento a curto e a longo prazo.

Nas últimas décadas, a Europa tem seguido o passo dos EUA, sendo arrastada para os seus conflitos sem demonstrar uma estratégica própria. Vimos fortes desenvolvimentos na máquina burocrática da união, um claro desenvolver de ideologia verde e liberal, mas com crescimento económico limitado e poucos projetos transnacionais.

A Europa enfrenta diversos desafios que se manterão relevantes até abordados, independentemente de quem sejam os líderes das outras potências internacionais. Alguns dos mais relevantes são:

1. Dinamizar a produtividade do seu tecido empresarial e ultrapassar a estagnação económica.

2. Melhorar a sua capacidade de execução, em particular de projetos estruturantes transnacionais.

3. Dinamizar o seu setor bélico – a UE ainda não conseguiu cumprir com as suas metas de produção apesar da sua clara urgência.

4. Ultrapassar a polarização política e estabelecer um diálogo proveitoso quanto aos temas fraturantes da sociedade.

E estes problemas terão de ser abordados num mundo de mudança súbita. Apesar de não existirem soluções fáceis e imediatas para qualquer destes, o reenquadramento do nosso esforço económico e diplomático poderá trazer oportunidades de crescimento e expansão.

A UE tem tido um desenvolvimento económico muito limitado e que tem levado a uma queda pronunciada da produtividade europeia quando comparada com a americana (na década de 90 estávamos em situação de paridade).

Causa ou sintoma desta doença tem sido a relativa falta de projetos europeus estruturantes das últimas décadas. A promessa da união era a de integrar mercados e trazer novas oportunidades de investimento que cruzassem fronteiras. No entanto, foram poucos os projetos realmente disruptores a nível industrial, energético, espacial ou de infraestruturas de mobilidade que envolvessem diversos estados membros em cooperação.

Seria de esperar que os Estados Membros coordenassem uma resposta cooperativa para abordar os temas de reindustrialização, rearmamento ou de novas ligações energéticas a outros mercados. Continuamos a consumir 20% do nosso gás da Rússia.

A Alemanha conseguiu (sozinha) fazer uma estrutura de regaseificação de GNL em tempo e orçamento recorde. Não foram tiradas ilações conjuntas deste sucesso, nem foi replicado em lado nenhum, comprovando que a EU ainda é uma soma das partes e não uma verdadeira união.

A UE não deve tentar interromper o esforço dos EUA em desacoplarem da Europa. A UE terá que encontrar soluções para os seus problemas e deverá iniciar um pivot dos seus esforços para os mercados do Médio Oriente e de África – EMEA, estabelecendo uma presença mais relevante e independente da boleia americana.