Mês e data para não esquecer

Estamos prestes a celebrar o 25 de Novembro.

Muita gente pretende comparar esta data com a do 25 de Abril, mas em nossa modesta opinião, elas têm a ver uma coisa com a outra, mas são rigorosamente diferentes.

O 25 de Abril fez cair uma ditadura já fragilizada, mas, indiscutivelmente, ainda existente e abriu caminho para uma nova sociedade.

Só que, os seus princípios, grande parte dos seus ideais, muito cedo foram traídos e o caminho que estava a seguir o País, se não fora a intervenção do 25 de novembro, nem a Liberdade se manteria, nem a nossa entrada na UE se realizaria e, por conseguinte, muitas das coisas obtidas pelo nosso País e pelo nosso povo, jamais seriam possíveis sem a nossa integração na União Europeia.

A tresloucada era denominada de “Gonçalvismo “, onde (quase) tudo de mau era permitido e que nada tinha a ver com o que prometeram os “militares de abril” estava mais próximo de nos levar a uma nova e pior ditadura do que a que tínhamos antes.

O 25 de novembro não só veio (em parte) travar esses atos levados a cabo por alguns denominados antifascistas e outros “ressabiados do fascismo” com a conivência de alguns militares traidores de Abril, como mostrar aos EUA e, muito particularmente, aos nossos então incrédulos vizinhos europeus que, o 25 de Abril não era aquilo que se estava a passar, pois não se identificava nem com atitudes extremistas, nem com qualquer tipo de manifestação selvagem que estavam a acontecer.

Só por isto o 25 de novembro merece ser saudado, tal como, evidentemente, os que nele participaram e a eles devemos (alguns, infelizmente, já falecidos) não estarmos desde essa altura até, provavelmente, aos dias de hoje, transformados numa Cuba ou Venezuela da Europa.

Todavia, porém, é legítimo recordar que, o 25 de novembro não conseguiu acabar com toda a selvajaria existente, nem travar por completo os ímpetos gananciosos de muitos daqueles que, à sombra da Liberdade e da Democracia tiveram e têm tido comportamentos piores do que muitos daqueles que alcunhavam de “fascistas”.

Comportamentos e proveitos. A muita boa gente as cantilenas do “povo unido, nunca mais será vencido” e “o povo é quem mais ordena” junto a outras atitudes deploráveis sempre em nome da democracia e da liberdade, fez-lhes encher os bolsos, tirar cursos, Deus lá sabe como, desempenhar funções para as quais não tinham a mínima competência, mas que lhes geraram ordenados chorudos que lhes permitiram construir reformas – que alguns ainda hoje desfrutam - muito acima dos profissionais com os mesmos cursos, mas que trabalham fora da política.

O 25 de novembro, apesar de ter sido na altura a “tábua de salvação “deste País em queda livre, não conseguiu, infelizmente, travar a onda de oportunistas e sanguessugas que até hoje campeia neste País que merecia muito melhor.

Não nos parece que reze a história de que alguma vez Portugal tivesse tido as ajudas, o apoio, a colaboração em todas as áreas que necessitasse, como obteve nas últimas dezenas de anos, na sequência da sua integração na União Europeia.

É verdade que o Portugal de hoje não é o Portugal de há 50 ou 60 anos, como, aliás, não é nenhum país europeu, ou quase todos no mundo inteiro, mesmo sem terem qualquer tipo de revolução.

Só mesmo os que estão debaixo de ditaduras de facínoras religiosos que dizem obedecer a um deus que só existe na cabeça deles; os países subjugados a potências imperialistas e ditatoriais conhecidas por todos nós ou aqueles povos (que mais nos fere o coração) das nossas antigas Províncias Ultramarinas miseravelmente entregues a bandos tipo Hamas ou Hezbollah, cujos resultados estão à vista de todos.

O nosso consolo é que, praticamente todos os “negociantes “dessa calamidade já foram prestar contas a Deus ou ao diabo, se bem que as suas vítimas muitas das quais ainda cá estão, não só nas suas martirizadas terras, como em Portugal, incluindo na nossa própria Madeira, a tentar sarar as feridas deixadas por esses irresponsáveis.

É claro que, após reconhecerem o erro cometido andaram perante o País e o povo, querendo se penitenciar com os argumentos de que “já nada se podia fazer “ , cantilena que os seus lacaios ajudaram também a difundir, mas esperamos que esse “ato de contrição” não tivesse influenciado na hora que foram presentes à verdadeira Justiça que acreditamos que é a Justiça Divina.

Voltando ao 25 de novembro, é data para comemorar, pois certamente não conseguindo atingir na sua plenitude os desejos dos seus corajosos intervenientes, teve a notável e patriótica ação de evitar que caíssemos num profundo e aterrador abismo, do qual, possivelmente, ainda hoje não tivéssemos saído.

Comemoremos o 25 de novembro, sem esquecer, contudo, o pouco-muito pouco - que ainda resta dos Ideais de Abril.

Juvenal Pereira