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Hamas saúda mandados de captura contra Netanyahu e Gallant emitidos pelo TPI

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O movimento islamita palestiniano Hamas saudou hoje a decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), que emitiu mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu antigo ministro da Defesa, Yoav Gallant.

"A justiça internacional está connosco e contra a entidade sionista", afirmou o grupo em comunicado.

Izzat al-Rishq, membro do gabinete político do Hamas, afirmou que a decisão do TPI expõe "a verdadeira face terrorista" de Israel e que beneficia os palestinianos, defendendo que a causa e o objetivo de libertação do movimento "é inevitável".

"O Estado ocupante (Israel) está a confrontar-se com a verdade e contradiz o conceito de justiça e colide com os valores humanos", afirmou Al Rishq.

Os islamitas saudaram a decisão do tribunal como um importante precedente histórico "e a correção de um longo caminho de injustiça histórica" contra o povo palestiniano.

"Apelamos ao TPI para que responsabilize todos os líderes criminosos da ocupação, os seus ministros e funcionários", afirmou a organização, que governa Gaza.

Numa declaração separada, o Hamas acusou os Estados Unidos de obstruírem a decisão do TPI durante meses, "aterrorizando o tribunal e os seus juízes".

Por último, o grupo palestiniano apelou a todos os países do mundo para cooperarem com o tribunal no sentido de processar os dois políticos israelitas e trabalhar para pôr fim à ofensiva em Gaza.

Basem Naim, também membro do gabinete político da organização, advertiu que a decisão continua a ser "limitada e simbólica se não for apoiada por todos os meios possíveis por todos os países do mundo".

O TPI emitiu hoje mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita, o ex-ministro da Defesa de Israel e o chefe do braço militar do Hamas, Mohammed Deif.

"O tribunal emitiu mandados de captura contra dois indivíduos, o senhor Benjamin Netanyahu e o senhor Yoav Gallant, por crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos pelo menos desde 08 de outubro de 2023 e até pelo menos 20 de maio de 2024, dia em que o Ministério Público apresentou os pedidos de mandados de detenção", indicou o TPI em comunicado.

Num outro comunicado, o Tribunal anunciou também o mandado de captura contra Mohammed Deif, o líder das forças militares do movimento islamita Hamas.

Os mandados judiciais foram classificados como "secretos", de forma a proteger as testemunhas e garantir que as investigações possam ser conduzidas, de acordo com o comunicado, que ressalva que o tribunal "considera que é do interesse das vítimas e dos seus familiares que sejam informados da existência dos mandados".

O procurador do TPI Karim Khan já tinha pedido, em maio, ao tribunal que emitisse mandados de captura para Netanyahu e Gallant (demitido no início de novembro pelo primeiro-ministro israelita), alegando crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza.

Khan solicitou ainda mandados de detenção para altos dirigentes do Hamas, incluindo Mohammed Deif, por suspeita de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Segundo Israel, Deif foi morto num ataque a 13 de julho no sul de Gaza, embora o Hamas negue a sua morte.

O Ministério da Saúde em Gaza afirma que cerca de 44.056 de pessoas foram mortas no enclave desde o início da guerra, desencadeada por um ataque sem precedentes levado a cabo pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 ao sul Israel, que matou cerca de 1.200 pessoas e que fez perto de 250 reféns.

Como retaliação, Israel lançou uma campanha de bombardeamentos seguida de uma ofensiva terrestre em Gaza, causando mais de 104 mil feridos na Faixa de Gaza e levando à deslocação de quase todos os 2,4 milhões de habitantes na região, que se encontra numa situação de catástrofe humanitária.