Barato e bom, não sei onde!
O Instituto Nacional de Estatística (INE) apresentou, no passado dia 14 de novembro, um destaque sobre a remuneração bruta mensal média por trabalhador em Setembro deste ano. Ficámos assim a saber que “a remuneração bruta total mensal média por trabalhador (por posto de trabalho1) aumentou 6,1%, para 1 528 Euros, no trimestre terminado em setembro de 2024 (correspondente ao 3.º trimestre do ano), em relação ao mesmo período de 2023.”. Isto significa que em termos reais os trabalhadores estão melhor do que no ano anterior cerca de 3,8%, visto a inflação ser da ordem dos 2,3%. Qual o significado destes números?
Fazendo umas contas e retirando os descontos obrigatórios para a Segurança Social e a retenção na fonte do IRS temos que o salário médio líquido do trabalhador é de cerca de 40€ por dia e que teve um aumento em termos reais de cerca de 1,5€, ou seja, o aumento real não chega para pagar uma bica por dia em algumas confeitarias do Funchal. Com o custo de vida que temos não é difícil concluirmos que a vida não está nada fácil para o trabalhador que ganha a remuneração média, para não falarmos das dificuldades de todos os que aferem uma remuneração inferior. Logo os comentadores se lastimaram que o problema é a baixa produtividade do trabalho… os portugueses produzem pouco quando comparados com o que os trabalhadores produzem noutros países europeus, por isso pouco podemos fazer.
Olhemos novamente para os dados do destaque do INE e verificamos que “em setembro de 2024, a remuneração total média por trabalhador (posto de trabalho) variou entre 987 Euros nas atividades de “Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca” (secção A) e 2 979 Euros nas atividades de “Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio”.”, isto é existe uma grande variação (de 1 para 3) entre a remuneração no setor que menos paga e a no que mais paga, o que mostra diferenças muito significativas na produtividade entre setores.
Na minha opinião tão importante é aumentar a quantidade produzida por trabalhador, (por exemplo, utilizando mais maquinaria por trabalhador) como é os trabalhadores produzirem bens com mais valor ou mais valorizados pelo mercado.
O nosso problema como País é continuarmos a insistir numa política de baixos salários para a maioria dos trabalhadores, quando devíamos estar a aproveitar Portugal estar na moda para implementarmos estratégias de valorização dos produtos nacionais para que se acabe de vez com a ideia de que se compra produtos ou serviços portugueses porque são baratos, e se passe a decidir comprar esses produtos porque são bons estando os consumidores dispostos a pagar o preço justo para a qualidade do que compram.
Como me lembro de o meu Avô dizer: “Barato e bom, não sei onde!”… talvez só para quem visita Portugal.