Três maiores forças partidárias do PE acordam "abordagem construtiva" no novo ciclo na UE
As três maiores forças partidárias do Parlamento Europeu (UE) - conservadores, socialistas e liberais - comprometeram-se hoje a uma "abordagem construtiva" no próximo ciclo institucional da União Europeia (UE), face "aos desafios colocados", permitindo provar a nova Comissão Europeia.
Numa declaração referente a uma "plataforma de colaboração", hoje firmada em Bruxelas e à qual a agência Lusa teve acesso, o Partido Popular Europeu (PPE), a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) e o Renovar a Europa (bancada liberal), garantiram "cooperar durante a 10.ª legislatura do Parlamento Europeu".
"Reconhecemos os desafios colocados pela situação geopolítica, o défice de competitividade da Europa, as questões de segurança, a migração e a crise climática, bem como as desigualdades socioeconómicas. Reafirmamos, por conseguinte, o nosso compromisso de trabalhar em conjunto com uma abordagem construtiva", vincam os líderes destes três principais partidos do PE.
Na posição -- assinada pelos líderes do PPE, Manfred Weber; do S&D, Iratxe García Pérez; e do Renovar a Europa, Valérie Hayer --, é salientado que o objetivo é "fazer avançar uma agenda de reformas baseada nas orientações políticas do presidente da Comissão Europeia de 18 de julho de 2024, no melhor interesse dos cidadãos europeus", numa alusão à data em que foi aprovada a reeleição de Ursula von der Leyen no cargo de líder do executivo comunitário, que aguarda agora aval parlamentar sobre a sua equipa.
Este documento, com diretrizes sobre defesa, migrações, Estado de direito e sustentabilidade ambiental, traça o tipo de cooperação para os próximos cincos anos no novo ciclo institucional da UE, o que permite dar aval ao novo executivo comunitário von der Leyen, após intensas negociações na última semana, para entrar em funções a 01 de dezembro.
As votações ainda têm de ser formalizadas, mas as três maiores forças partidárias da assembleia europeia já se comprometeram a aprovar, num único 'pacote', os sete nomes ainda pendentes (de um total de 26) do novo colégio de comissários, avançaram à Lusa fontes partidárias.
Neste 'pacote' agora com 'luz verde', que será confirmado na quinta-feira em Conferência de Presidentes (com os líderes das bancadas e da instituição) e na próxima semana no plenário do Parlamento Europeu, estão os seis candidatos a vice-presidentes da Comissão Europeia, como a estónia Kaja Kallas (Negócios Estrangeiros e Política de Segurança), o italiano Rafaelle Fitto (Coesão e Reformas), a espanhola Teresa Ribera (Transição Limpa, Justa e Competitiva), a finlandesa Henna Virkkunen (Soberania Tecnológica, Segurança e Democracia), a romena Roxana Mînzatu (Pessoas, Competências e Preparação) e o francês Stéphane Séjourné (Prosperidade e Estratégia Industrial).
Acresce o comissário indigitado pela Hungria, Oliver Várhelyi, atual representante do país na instituição e ao qual Von der Leyen atribuiu a pasta de Saúde e Bem-Estar Animal, que, por dúvidas dos eurodeputados, viu a sua avaliação adiada duas vezes e é agora avaliado com os 'vices'.
Os nomes mais polémicos são os da espanhola e do italiano, relativamente aos quais há agora cedências dos conservadores e socialistas, de acordo com as mesmas fontes: por um lado, o PPE deixou de exigir que Teresa Ribera se demitisse caso seja envolvida em processos judiciais por causa das trágicas inundações de Valência; e o S&D abdicou de pedir que Rafaelle Fito perdesse a vice-presidência (por o grupo político a que pertence, os Conservadores e Reformistas Europeus, se estarem a aproximar à extrema-direita).
Está ainda previsto que o comissário indigitado pela Hungria, Oliver Várhelyi, perca uma parte do seu portefólio, deixando de tutelar questões como direitos reprodutivos após ter sido questionado sobre os direitos das mulheres, segundo as fontes ouvidas pela Lusa.