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O que é o Vírus Sincicial Respiratório?

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A Secretaria Regional de Saúde e Protecção Civil anunciou, este sábado, que o SESARAM imunizou 391 bebés da Região contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), para a época 2024-2025, no período entre 1 e 27 de Outubro. Mas, afinal, o que é o Vírus Sincicial Respiratório?

Mais de 390 bebés da Madeira imunizados contra o vírus sincicial respiratório em Outubro

Vírus muito comum e contagioso causa bronquiolites e pneumonias, que resultam muitas vezes em hospitalizações

Marianna Pacifico , 02 Novembro 2024 - 10:28

Segundo a Direção-Geral da Saúde, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é um vírus que “pode provocar doença respiratória em pessoas de todas as idades, mas, geralmente, todas as crianças até aos dois anos são infectadas por este vírus, podendo ocorrer reinfecção em qualquer idade”. Este vírus é, aliás, “a causa mais comum de doença das vias respiratórias inferiores até aos 12 meses de idade”.

O VSR transmite-se pela introdução do vírus através do nariz, olhos ou boca depois do contacto com secreções ou objectos que contêm os vírus. É, portanto, um vírus muito contagioso, sendo que pode sobreviver várias horas nas mãos ou objectos contaminados. É muito comum ocorrer a transmissão entre irmãos. Os surtos por VSR ocorrem tipicamente nos meses de Inverno, nomeadamente em Dezembro e Janeiro, mas podem ocorrer também em Outubro, Novembro, ou até em Abril, Maio.

O período de incubação do vírus varia, geralmente, entre dois e oito dias. Já os sintomas e a sua gravidade podem variar consoante diversos factores, como é exemplo a idade, ou o próprio estado de saúde da criança/pessoa. Os mais frequentes são, ainda assim, as secreções nasais e oculares, tosse, pieira, febre, dificuldade em respirar, respiração semelhante a assobio, apneia, prostração, e diminuição do apetite. Sintomas que, habitualmente, diminuem de gravidade nas reinfecções.

Os grupos mais vulneráveis, que mais depressa podem ser afectados pelo VSR, são os recém-nascidos e lactantes, os bebés prematuros, crianças com doenças cardíacas, pulmonares ou neuromusculares congénitas, crianças imunocomprometidas (sistema imunitário enfraquecido), e doentes com asma ou Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC).

Para o diagnóstico, na maior parte das situações, não é necessária a identificação laboratorial deste vírus, porque não vai alterar a terapêutica instituída. O diagnóstico é feito através da colheita de secreções respiratórias, como as do nariz ou dos brônquios. Os diagnósticos associados ao VSR são, mais comumente, bronquiolite, traqueobronquite (inflamação na traqueia e nos brônquios), pneumonia, conjuntivite, e a otite média aguda.

Prevenção

A melhor forma de prevenção para o VSR é mesmo a imunização. A imunização com o anticorpo monoclonal anti-VSR nirsevimab, autorizada pela Agência Europeia do Medicamento em 2022, juntou-se às medidas de higiene e controlo ambiental para a prevenção desta infecção, sendo recomendada pela Organização Mundial da Saúde e fazendo já parte dos esquemas de imunização recomendados em vários países.

A implementação de uma estratégia de imunização contra o VSR na Região, no ano passado, para a época 2023-2024, foi inovadora no País e permitiu oferecer esta proteção a 1.715 crianças, ao nascimento ou até os 8 meses, na sua primeira época de VSR. Confirmando a evidência disponível sobre a elevada efectividade desta imunização, na época 2023-2024, só no SESARAM, verificou-se uma redução de 55% no número de hospitalizações por infeção respiratória aguda a VSR, em crianças até os 12 meses de idade

A administração deste anti-corpo tem como grupos-alvo, na época 2024-2025, as crianças nascidas no período de 1 de Outubro de 2024 a 31 de Março de 2025, que fazem a imunização na maternidade, após o nascimento; as crianças nascidas no período de 1 de Abril a 30 de Setembro de 2024, que serão convocadas para serem imunizadas nos Centros de Saúde da área de residência; e as crianças com risco acrescido de doença grave por VSR, a entrar na 2.ª época de circulação do vírus, até os 24 meses, que serão imunizadas na consulta de profilaxia do VSR do Hospital Dr. Nélio Mendonça.

A prevenção da transmissão do vírus pode, também, ser feita através de medidas gerais como a lavagem das mãos, a etiqueta respiratória, evitar exposição ao tabaco ou outros fumos, e evitar locais com grande concentração de pessoas. Por etiqueta respiratória entende-se o cobrir a boca/nariz com um lenço ou braço quando se espirra ou tosse, não espirrar/tossir para as mãos, e lavar as mãos após tossir/espirrar.