É preciso governo com maioria
O que está em causa não é ir a votos e ficar tudo na mesma. Esse será o nosso pior erro. As opções são pela Madeira, não por ninguém em particular
A democracia na Madeira vive o seu primeiro teste. Aos cinquenta anos de convivência política chegámos a um ponto que a ninguém beneficia e a todos prejudica. A ausência de clareza na opção política escolhida pelo povo perturba a formação de um governo que promova uma liderança estável, competente e que se sujeita a juízo democrático no regular período eleitoral.
Actualmente não temos nada disso. Aliás, essa tem sido a tradição democrática portuguesa que, nestas cinco décadas, tem vivido em constantes sobressaltos políticos.
Na Europa, onde também vem nascendo a indefinição e diversidade partidária, fica a vantagem de países poderosos, economicamente desenvolvidos, onde a generalidade das famílias já alcançaram uma boa condição sócio-económica que bem podem passar um tempo de dúvida e incerteza na sua governação.
Oitenta anos depois do fim da segunda guerra mundial, a Europa central reergueu-se e tem uma pujança económica só ultrapassada pela sábia nação norte-americana. Basta ver a opção política para os Estados Unidos que os media portugueses e europeus nos tentavam impingir para percebermos a vitória de Trump. O que nós desejamos para a América ela não quer para si. A sabedoria do sucesso.
Um parêntesis para referir que Elon Musk, uma das mais inteligentes e bem sucedidas personalidades americanas, em Portugal seria amaldiçoado, ofendido e maltratado ao ponto de impedido de prestar serviço público sob a suspeita que tudo ia roubar. Ficamos com os nossos pobrezinhos corruptos, pois sempre é melhor ser político com dinheiro no bolso.
Dito isto, volto à confusa realidade político-partidária que democraticamente votámos e que nos atormenta a governação e a vida parlamentar, não sem antes glorificar a enorme sensatez do povo madeirense em afastar comunistas e radicais de esquerda do quadro parlamentar, colocando o partido socialista no seu verdadeiro lugar: extrema esquerda.
Mas vamos ao que interessa. Está visto que o único objectivo é ter uma maioria sólida suficiente para termos governo que nos conduza durante quatro anos. A oposição, essa inconsequência política incapaz e não-autonómica, já nos garantiu não ter liderança credível que sequer assegure a direção interna do seu partido.
O PSD-M continua a ser a solução política equilibrada, ainda que persista numa divisão interna, muito ampliada pelo seu anterior líder Alberto João Jardim, e que o deixa aquém dos vinte e quatro deputados. Ainda por cima, mantém-se agarrado ao CDS, partido fantasma de direita, que lhe vai estendendo armadilhas que infantilmente aceita.
Não sei o que vai acontecer à moção de censura, já que na nossa realidade tudo pode muito bem acontecer. Ainda temos um mês.
Pedem eleições mas, depois de as perderem, recusam-se a esperar pelo novo ciclo eleitoral. A vontade imediata é derrubar de novo o governo, mesmo que não haja quem o substitua. Uma maluqueira colectiva que conjuga irresponsabilidade e desprezo por tudo o que é importante.
Mas o que está em causa não é ir a votos e ficar tudo igual. Esse será o nosso pior erro. A situação exige serenidade, bom senso e, claro, “sentido de estado”. As opções são pela Madeira, não por ninguém em particular.
E há que encontrar estratégia para a maioria absoluta, capaz de ganhar esses cinco deputados que garantam ao PSD estatuto político para boa governação.
A oposição não é de confiar. Mesmo o CDS, qual pseudo-parceiro, que trai a cada passo na sua loucura blasfema pela sobrevivência. O resto é destituído de prestígio mínimo enquanto obcecados por destituir Miguel Albuquerque sem que tenham e apresentem alternativa. Destruir é sempre o mais fácil, enquanto construir exige muitas capacidades. É a “história” da oposição e do PSD-M nestas cinco décadas.
Só que isto não é solução. É adiar decisões colectivas que temos de tomar. Quanto antes.
Fazer eleições para termos mais disto? É insano.
Uma palavra para o orçamento. Tenho alguma experiência neste aspecto e não percebo qual a dificuldade em vivermos quatro meses em duodécimos antes da aprovação de um orçamento pela nova realidade de governo. Haverá sempre um novo e rectificativo.
António Costa
O nosso moreninho ex-primeiro ministro é o único investigado em Portugal que não é arguido? Privilégio de género?
Eleições Americanas
Uma comentadora da nossa TVI afirmou, justificando a derrota de Kamala Harris, que os homens negros não votam em mulheres negras. Percebe-se mas é coisa conhecida. O que leva a pensar que a derrota de Hilary Clinton, há oito anos, foi porque os homens brancos não votam em mulheres louras. A comentadora, pela cor dos seus lindos cabelos, não teria votos.
Nacional
Animou sentir o empenho de Rui Alves em inverter a situação do Nacional na 1.ª Liga. Não sei se três novos craques resolvem o problema, o que veremos brevemente, mas lá que podem fazer diferença não há dúvida. Força Nacional!
Crimes prescritos
Impedir que prescrevam os crimes de corrupção, alta finança, abuso sexual de crianças, entre outros, deveria ser objectivo legislativo do parlamento nacional.
Ronaldo na Madeira com a seleção
A seleção espanhola de futebol, campeã europeia, joga amanhã em Tenerife o seu último jogo de qualificação para a Taça das Nações. A Madeira é desprezada pela “sua” seleção ainda que contribua com a maior estrela, depois de tantos outros grandes jogadores, para os sucessos conhecidos.
Não me admira que Cristiano Ronaldo deixe a seleção e Portugal não faça um jogo a sério, oficial, na terra de onde é natural e aí começou a praticar futebol. A ingratidão portuguesa é uma marca da nossa maneira de ser. Enquanto suportarmos. Mas, será que alguém, em posição de poder influenciar, faz alguma coisa de jeito?
No “Mundial” organizado em 2030 por Espanha, Portugal e Marrocos, a cidade de Las Palmas será sede de um grupo de jogos.
Canárias recebe Xi Jinping
O presidente da China esteve um dia em Las Palmas prometendo a “firme vontade de estreitar laços económicos”. Até os seus carros foram levados à ilha. A visita foi programada durante um mês e levou ao uso exclusivo de um hotel. Curiosamente é a terceira visita de Xi Jinping a Canárias, sendo a segunda a Gran Canária depois de uma a Tenerife. Outros dois presidentes da China estiveram em Canárias, o primeiro em 2001.
De rejubilar é que a única entidade a reunir com o líder mundial foi o presidente do governo de Canárias, maior figura protocolar autonómica. E o presidente do Cabildo de Gran Canária quem sempre acompanhou Xi Jinping durante toda a visita.
Imaginam o que seria se a visita fosse à Madeira? Marcelo, Aguiar-Branco, Montenegro, Irineu, Rodrigues, e outros “importantes”, todos à frente de Albuquerque.
Fomos “desafurtunados” os espanhóis só terem ficado com as Canárias.
Magalhães e Amorim
Se o Sporting for campeão, Ruben Amorim será como Fernão Magalhães. Não completou a viagem mas comandou a circum-navegação.