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Líder da oposição venezuelano critica "respostas tímidas" a Maduro

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FOTO JOSE SENA GOULAO/EPA  

O líder do partido da oposição venezuelano Voluntad Popular (VP), Leopoldo López, criticou em entrevista à Lusa as "respostas tímidas" dos países democráticos face à reeleição do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

"O que é que a Rússia, a China e o Irão dizem? Que Maduro ganhou as eleições. Dão apoio financeiro e militar a Maduro. E o que é que recebemos dos países democráticos? Respostas tímidas. Precisamos de clareza e empenhamento", afirmou Leopoldo López à Lusa, que esteve em Lisboa como orador na WebSummit 2024.

A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual Presidente do país, Nicólas Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.

"O povo venezuelano votou, expressou a sua vontade e agora precisamos do apoio da comunidade internacional. E o que temos visto é muito moderado. Portugal não reconheceu claramente Edmundo González como o Presidente eleito", sublinhou o político venezuelano.

López considera que a comunidade internacional não deve "reconhecer a ditadura", mas sim "responsabilizar a ditadura, apoiar a Comissão de Direitos Humanos da ONU e o Conselho de Direitos Humanos, apoiar o Tribunal Penal Internacional (TPI) na sua investigação a Nicolás Maduro" e apoiar todos os mecanismos, como sanções, para limitar o financiamento do Presidente venezuelano.

"Acredito que não existe apenas uma 'bala de prata', mas sim todas as [soluções] anteriores. O que é que deve ser feito? Tudo. Quando? Agora. Quanto? Tudo. É nisso que eu acredito", resumiu.

Leopoldo López é ativista e líder da oposição na Venezuela, co-fundador e coordenador nacional do Partido Voluntad Popular e esteve em Lisboa como orador na WebSummit 2024 na palestra "Fazer Frente aos Autocratas", acompanhado pela ativista russa Yulia Navalnya.

Entre 2000 e 2008, o político venezuelano foi presidente do município de Chacao, em Caracas, e, antes de encontrar refúgio em Espanha, foi prisioneiro político de 2014 a 2020, após ter sido condenado a catorze anos de prisão por liderar protestos não violentos e resistência civil em 2014.

O político venezuelano elogiou, por outro lado, a posição do Brasil, não só por vetar a entrada da Venezuela no BRICS (bloco das principais economias emergentes), mas também por "denunciar Maduro e o roubo das eleições".

"Eu apoio a posição do Governo brasileiro e acreditamos que é coerente e é a coisa certa a fazer e é muito importante porque o Brasil é o maior país da América Latina mas também porque, até agora, Lula estava alinhado ideologicamente com Maduro", afirmou.

López referiu ainda que "os responsáveis pela fraude devem ser sancionados, as pessoas que roubaram os recursos da Venezuela devem ser sancionadas", defendendo ainda o aumento da recompensa pela captura de Maduro "de 15 milhões de dólares (14.2 milhões de euros) para 100 milhões de dólares (94.7 milhões de euros), como muitos propuseram".

O líder da oposição lembrou o ambiente de repressão que os ativistas venezuelanos enfrentam, onde "todos os venezuelanos que se dedicam ao ativismo político têm sido perseguidos, muitas pessoas vivem na clandestinidade, dezenas de pessoas que foram presas" ou mesmo mortas.

Ainda assim, apesar de muitos dos membros do seu partido, Voluntad Popular, terem sido forçados ao exílio, o movimento continua empenhado em "fazer o que for preciso, onde quer que estejamos, para enfrentar a ditadura".