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Ingovernados!

O que também não faz sentido é alguns partidos terem viabilizado o adiamento da votação da moção de censura

E de repente, estamos em situação de quase ingovernabilidade. Apesar desta situação de instabilidade política regional ser há muito expectável.

O acordo feito entre o PSD-Madeira, o CDS-PP, o CHEGA e o PAN era demasiado frágil. E desde o início, o PSD-Madeira esteve a trabalhar para estar em situação confortável que lhe permitisse ir a eleições e livrar-se destas “pedras no sapato”. Veja-se, por exemplo, a proposta de alteração da lei eleitoral regional para o círculo eleitoral deixar de ser círculo único. O PSD-Madeira continua com saudosismo dos tempos em que governava com maioria absoluta.

Com as investigações que o Governo Regional e as várias entidades públicas foram alvo nos últimos tempos, os “compinchas do governo” ficaram como tão bem diz o povo com “as cuecas na mão”. Mas não foram o CDS-PP, o PAN e o CHEGA que viabilizaram este governo após as primeiras investigações do Ministério Público? Agora estão como virgens ofendidas? Já foste… O rótulo já ninguém os tira. E quem votar novamente nestes partidos deve saber que o voto neles serve apenas para brincar aos partidos e negociar sabemos lá o quê com o PSD-Madeira. Não são a alternativa. É um voto pela manutenção.

Era mais do evidente que o pedido de levantamento de imunidade parlamentar de 4 Secretários Regionais e do Secretário-Geral do PSD-Madeira não poderia ficar sem consequências. Estamos a falar de suspeitas de prevaricação de 5 de 8 membros do Governo. Discutir simplesmente o Plano de Investimentos e o Orçamento da Região para 2025 como se nada se estivesse a passar era utopia.

CHEGA, que desiludiu muito os seus eleitores em junho e julho deste ano, adiantou-se agora aos outros partidos de oposição apresentando uma moção de censura. Mas como querem criar agenda política e gerar controvérsia, em vez de defender uma governação séria com sentido de Estado, apresentou uma moção de censura contra o governo regional, cujo texto ataca outro partido de oposição. É caso para perguntar – mas a moção é contra o governo ou contra outros partidos da oposição?

O seu objetivo é demasiado claro - gerar polémica, procurando que outros partidos se manifestem contra esta moção de censura. É uma estratégia à Pilatos que lavou as mãos à condenação de Cristo. Mas a sua responsabilidade em viabilizar este mesmo governo ninguém lhes tira.

Miguel Albuquerque até se dá ao luxo de dizer que “André Ventura quer é números de circo”, dando a entender que esta moção de censura vem de Lisboa e não do partido a nível regional. Quererá isto dizer que Miguel Albuquerque controla o Chega a nível regional? Ou então, Miguel Albuquerque quer dizer que o Chega regional não tem capacidade de elaborar um documento com esta importância política.

Sentido de Estado exige-se neste momento. É preciso olhar à situação de ingovernabilidade e de clima de desconfiança sobre o executivo regional e votar naquilo que realmente a moção representa – um cartão vermelho a este governo. Porque a aprovação desta moção pode constituir a queda deste regime.

O que também não faz sentido é alguns partidos terem viabilizado o adiamento da votação da moção de censura para 17 de dezembro, após a votação do orçamento e do plano de investimentos para 2025. Então existem dúvidas sobre a boa gestão dos dinheiros públicos e vão decidir pela aprovação do orçamento? Incoerente! Mas alguém no seu perfeito juízo entrega o seu dinheiro a quem não confia?

Neste processo, o partido que tem mostrado mais coerência nas votações é a JPP. Ainda assim, seria conveniente maior celeridade nas decisões para demonstrarem a garra necessária para uma possível governação.

E qual o grande drama da gestão por duodécimos? Segundo notícia saída ontem neste matutino, a grande preocupação é a gestão das Casas do Povo, Clubes e Associações. Tirem as vossas conclusões! Quem tem olhos que veja! E quem tem responsabilidade na votação do orçamento para 2025 abra o olho!

Sem sombra de dúvida que Miguel Albuquerque já não é o líder que PSD-Madeira precisa. Os militantes do PSD-Madeira também terão uma palavra a dizer sobre o futuro político da Região. Afinal, o PSD-Madeira continua a ser o maior partido político regional, ainda que a cada eleição esteja a perder eleitores.

Brevemente também serão chamados a eleições internas. Cuidado! Quanto mais candidatos existirem, maior dificuldade em alterar o destino do partido. Talvez seja esta a estratégia de alguns putativos candidatos. Se têm tanto amor ao partido e valorizem os princípios e valores sociais-democratas decidam por aquilo que é preciso fazer.