Le Pen diz que inelegibilidade pedida pelo Ministério Público visa morte política
A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, considerou hoje que a pena de inelegibilidade pedida pelo Ministério Público no processo de alegado desvio de fundos do Parlamento Europeu equivale a exigir a sua "morte política".
"É a minha morte política que está a ser exigida", considerou durante uma entrevista dada esta noite à televisão francesa TF1.
O Ministério Público pediu ainda que a política, que já se candidatou (e perdeu) três vezes em eleições presidenciais cumpra cinco anos de prisão, dois dos quais efetivos, e pague uma multa de 300 mil euros.
As alegações da defesa são esperadas para segunda-feira, devendo o tribunal proferir a sentença no início de 2025.
"A minha sobrevivência política, obviamente, dependerá da implementação desta sentença de morte política, com execução provisória ou não", afirmou Le Pen na entrevista.
"E este é, creio, o objetivo desde o início desta operação que foi lançada por um socialista, o senhor [Martin] Schulz, [na altura] presidente do Parlamento Europeu, em consonância com a socialista [Christiane] Taubira, na época ministro da Justiça" de França, acrescentou.
Referindo tratar-se de uma "acusação ultrajante" e um pedido de pena "desproporcional", a deputada francesa manifestou um "sentimento de revolta", que, segundo assegurou, é também sentido por "milhões de franceses".
Muitas figuras políticas francesas, incluindo o ex-ministro do Interior Gérald Darmanin, do partido do Presidente Emmanuel Macron, manifestaram reservas quanto à ideia de uma sentença de inelegibilidade com efeitos imediatos.
"Na realidade, percebi que não era o litigante que estava a ser julgado, era o alvo político que estava a ser julgado", protestou Le Pen, que surgiu ao lado de outros 24 arguidos, suspeitos de terem contratado assistentes de eurodeputados cujas missões eram, de facto, exclusivamente dirigidas ao partido de extrema-direita.
Marine Le Pen rejeitou ainda qualquer tentativa de "pressionar o sistema judicial", tendo em conta que o seu partido, o União Nacional, lançou uma petição 'online' para protestar contra as penas pedidas pela acusação.
"Nunca na minha vida" o faria, garantiu.