O PS que se cuide

Revista a imprensa regional sobre a actual crise com a moção de censura do CH, um aspecto curioso se verifica.

Logo que se soube da moção, o PS foi rápido em salientar que votaria por unanimidade e coerência, a favor dela.

Ao invés, o JPP muito mais cauteloso e prudente deixou para o fim qual seria a sua posição.

O seu líder, Élvio de Sousa, veio recentemente dizer que ainda iria reunir a comissão política para dar conta da decisão das bases e só depois daria a conhecer a decisão final a tomar (notícia do DN de 14/11), tendo em conta que essa questão de relevo para o presente e futuro dos madeirenses e a população em geral era muito importante. Referia ainda que as decisões rápidas, a quente e imponderadas não seriam aconselháveis.

Esta posição do JPP, bem analisada, significa que em casos de moção de censura dada a sua consequência da queda do governo, também associada à responsabilidade de não colher o apoio da população devia ser bem ponderada.

O JPP percebeu já, que a realizarem-se eleições extraordinárias, o P.R. não estaria disponível, mais uma vez, para dissolver a A.R. seguindo-se eleições em finais do seu mandato.

Percebe também que o caminho certo é ganhar tempo suficiente para aguardar por eleições legislativas regionais em data posterior, e assim prosseguir uma oposição responsável, crítica e simultaneamente construtiva, que é o modo correcto para construir uma alternativa de mudança e apanágio de uma alternância política, como é desejável numa Democracia adulta.

O JPP safava-se de sujeitar-se às moções de censura, como a actual, lamentavelmente tão frequentes na Região e com maus resultados para os partidos da oposição e o CH que escolhem esse método.

O PS tem 11 deputados a representá-lo na A.R. e o JPP 9, o que torna este partido essencial para a aprovação da moção. Mas, por outro lado, falharia a estratégia que o JPP provavelmente indicia em não comprometer-se com o CH e o PS.

O JPP, afastando-se do PS, passaria a estar numa posição de rival com o PS, podendo tornar-se o maior partido da oposição, o que seria, a todos os títulos, sedutor.

O PS QUE SE CUIDE!

José Manuel Cabral Fernandes