Confiança repudia "tratamento desumano e gestão medíocre" da CMF aos problemas sociais
A coligação Confiança repudiou, hoje, aquele que considera ser um "tratamento desumano" e uma "gestão medíocre" por parte da Câmara Municipal do Funchal aos problemas sociais que se colocam na cidade. A coligação fala mesmo numa "abordagem insensível e pouco fundamentada".
Micaela Camacho aponta que, há cerca de um mês, a autarquia relocalizou uma banca de venda de castanhas assadas, passando-a da Praça do Povo para o Largo do Phelps, "uma mudança que causou constrangimentos à população local devido ao intenso fumo libertado na zona, afectando prédios e suscitando numerosas críticas. Confrontada com a escolha do novo local, a presidente da câmara admitiu que o objectivo era desencorajar a presença de sem-abrigo que ali passavam o dia".
Agora, "o executivo PSD foi ainda mais longe", quando decidiu destruir um dos bancos em cantaria de basalto, instalado anteriormente na Rua Dr. Fernão de Ornelas ao abrigo de uma empreitada que custou 54.366,11 euros. "O motivo para esta demolição, segundo a autarquia, seria «resolver» o problema do ruído causado por pessoas em situação de vulnerabilidade social, que utilizavam o espaço durante o dia, alegando que a remoção era necessária para »devolver a rua aos turistas»".
"Este caso insere-se numa crescente falta de resposta aos mais vulneráveis, como a situação trazida à reunião de câmara pela Confiança de uma munícipe que, apesar de inúmeros pedidos de apoio, audiências e contactos com várias entidades públicas e esforços pessoais para garantir uma nova habitação após receber uma carta de fim de contrato, a situação mantém-se sem qualquer resolução. Em Junho, a SocioHabita Funchal comunicou que continuaria a “monitorizar” o caso, mas desde então não houve qualquer acção concreta nem resposta aos novos pedidos de audiência. Este é um exemplo alarmante da insensibilidade e falta de acção do executivo PSD perante as necessidades de pessoas em situação de fragilidade", aponta.
Micaela Camacho, autarca da Confiança, sublinha “a necessidade de actualização urgente do Diagnóstico Social do Funchal, que permanece por actualizar desde o início do mandato, apesar dos sucessivos alertas”. A vereadora considera que “esta actualização é essencial para permitir à autarquia conhecer as reais necessidades da população e adoptar medidas eficazes e integradas que respondam às situações de fragilidade e exclusão social”.
A Confiança considera que destruir, demolir e descartar não podem ser as respostas para lidar com situações de fragilidade social e, por isso, reitera a necessidade de estratégias que promovam a inclusão e a coesão social, sem comprometer a qualidade de vida dos residentes. “Se o executivo PSD continuar neste caminho, receamos que o Funchal se torne numa cidade socialmente terraplanada, onde as soluções sustentáveis e humanas são sistematicamente desprezadas”, conclui Micaela Camacho.