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Dezenas de detidos em nova manifestação pró-Palestina não autorizada em Amesterdão

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Foto Lusa

Dezenas de pessoas foram detidas na noite de hoje durante uma manifestação pró-Palestina não autorizada em Amesterdão, cidade onde se registaram na semana passada ataques violentos contra adeptos de futebol israelitas.

Várias centenas de manifestantes, vestidos com 'keffiyehs', lenços tradicionais palestinianos, entoaram palavras de ordem após se terem reunido na praça Dam, no centro de Amesterdão.

Os detidos foram levados para autocarros que aguardavam nas proximidades e alguns destes ofereceram forte resistência, observaram os correspondentes da agência France-Presse (AFP).

"Estamos presentes em grande escala na praça Dam devido a uma manifestação proibida", revelou a polícia na rede social X.

"Mandamos os manifestantes dispersarem. Alguns saíram voluntariamente. Os restantes manifestantes estão cercados pela polícia. Foram detidos e serão transportados em autocarros", acrescentou.

Esta é a segunda manifestação pró-Palestina organizada apesar da proibição de manifestações na cidade, depois da violência da semana passada, descrita como antissemita por Israel e pelas autoridades neerlandesas.

No domingo, a polícia já tinha feito dezenas de detenções e a Câmara Municipal de Amesterdão prolongou até quinta-feira as medidas de emergência na cidade, que incluem a proibição do uso de máscaras e a mobilização de polícias adicionais.

A política neerlandesa está dividida devido aos acontecimentos em Amesterdão e decorreu hoje um aceso debate no Parlamento, na presença do primeiro-ministro, Dick Schoof.

O deputado de extrema-direita Geert Wilders, líder do maior partido da coligação governamental (PVV), frisou que os autores da violência contra os apoiantes israelitas em Amesterdão eram "todos muçulmanos" e "em grande parte marroquinos", acrescentando que todos devem ser acusados de terrorismo.

O líder do PVV atraiu a irritação de vários partidos da oposição, que acusaram o deputado anti-imigração de "atirar mais achas para a fogueira".

Embora condenassem unanimemente a violência, vários partidos apelaram ao "diálogo com a comunidade muçulmana" em vez de dividir o país, como pediu Frans Timmermans, líder da oposição de esquerda.

Na madrugada de 07 para 08 de novembro, após um jogo da Liga Europa de futebol entre o Ajax e a equipa israelita Maccabi Telavive, os adeptos israelitas foram perseguidos e espancados nas ruas de Amesterdão.

As autoridades informaram que cinco pessoas foram hospitalizadas.

Incidentes isolados surgiram antes da partida, incluindo cânticos antiárabes entoados pelos adeptos do Maccabi.

Esta violência ocorreu num contexto de polarização na Europa, com um aumento de atos antissemitas, anti-israelitas e islamofóbicos desde o início da guerra entre Israel e o movimento islamista palestiniano Hamas em Gaza.

O primeiro-ministro neerlandês já garantiu que o seu Governo vai apresentar na sexta-feira medidas concretas para combater o antissemitismo, destacando que existem um "problema de integração nos Países Baixos".

Os procuradores indicaram hoje à AFP que oito pessoas ainda estavam detidas em ligação com a violência contra apoiantes israelitas na semana passada em Amesterdão.