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Madeira

Homem que roubou 215 mil euros de banco em Câmara de Lobos chora em tribunal

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O homem que a 12 de Janeiro passado protagonizou um assalto à mão armada na agência da Caixa Geral de Depósitos de Câmara de Lobos e fugiu com cerca de 215 mil euros assumiu, esta tarde, no início do seu julgamento no tribunal do Funchal (Edifício 2000), a autoria do crime, embora tenha desmentido alguns pormenores da acusação. Garantiu, por exemplo, que levou apenas "uma pistola de água, não tinha uma pistola verdadeira" e que a deitou fora após o assalto, bem como a outros objectos que utilizou, porque se "sentiu sujo". Ao explicar a sua actuação, o arguido chorou em tribunal e manifestou-se arrependido. Disse mesmo que após cometer o crime, quis suicidar-se, mas que não conseguiu fazê-lo.

Ao colectivo de juízas presidido por Joana Dias, o arguido de 42 anos, que se encontra em prisão preventiva e apresentou-se em tribunal visivelmente nervoso, negou que tivesse pedido ao gerente bancário para desligar o alarme e que tal procedimento foi da iniciativa do funcionário. Negou também ter amarrado com abraçadeiras algumas das seis pessoas que estavam no banco no decorrer do assalto. Desmentiu ainda que tivesse apontado uma faca a alguém. Admitiu apenas que usou uma navalha para cortar as abraçadeiras com que estava manietado um dos funcionários, o qual não estava a se sentir bem. “Nunca apontei faca a ninguém. Pode ver nas câmaras que não andei de faca na mão”, declarou. Disse ainda que "não planeou nada".

O arguido é natural e residente na baixa da cidade de Câmara de Lobos, é casado e tem três filhos menores. A família esteve emigrada em Inglaterra mas regressou à terra natal há cerca de um ano, tendo o homem arranjado emprego como distribuidor de bebidas.

Conforme o DIÁRIO avançou na edição de 29 de Setembro, com base na acusação do MP, o homem era conhecedor das rotinas do pessoal da agência bancária, da qual era cliente. No dia do assalto, levantou-se cedo, por volta das 06h00. Colocou capuz na cabeça, luvas nas mãos e óculos escuros e máscara de Covid a tapar-lhe a cara. Aguardou que o gerente do banco chegasse, e, pelas 07h30, quando este se preparava para entrar no banco, abordou-o com uma pistola ou réplica (o objecto não foi recuperado), seguindo com o mesmo para o interior, onde exigiu o dinheiro do cofre.

A circunstância do cofre ter abertura retardada e ser necessária a chave de um segundo funcionário, fez prolongar o assalto. A quantia que estava no interior do depósito terá surpreendido o ladrão, que esperava levar uma quantia até 50 mil euros. Afinal, no cofre estavam mais de 215 mil euros, o que deu para encher uma sacola de supermercado. Estava tão pesada que teve de ser carregada aos ombros pelo arguido, isto apesar de ter retirado os sacos com moedas.

Só veio a ser detido cinco dias depois, na manhã de 17 de Janeiro. Na sua casa, a PJ recuperou cerca de 208 mil euros. A verba que falta terá sido gasta sobretudo na aquisição de material de construção, pois o arguido pretendia fazer obras num piso da sua moradia, para depois o alugar.