Novas substâncias psicoactivas representam 50% das drogas apreendidas na Madeira
PJ diz estar "pronta para avançar num projecto de estudo das águas residuais da Madeira"; laboratório detectou sete novas drogas nunca antes detectadas em Portugal
A Especialista da Polícia Científica do Laboratório da Polícia Judiciária, Maria João Caldeira, assegurou que a PJ está vigilante ao fenómeno das substâncias psicoativas na Madeira, que já representam 50 por das drogas apreendidas na Região.
“Verificou-se que o fenómeno das drogas não foi controlado como se esperava. A prevalência destas drogas, em matéria de material, apreendido chega a ser 50%. Em termos de substâncias apreendidas, verificou-se ainda que a droga mais comercializada seria o 'bloom' (...) que só no ano passado levou mais pessoas ao internamento no Arquipélago (a maioria jovens)", detalhou a especialista que intervinha, ao início desta tarde, na audição parlamentar por videoconferência proposta na Comissão de Saúde e Protecção Civil, pelo PSD, para o esclarecimentos sobre programas de combate e dissuasão do consumo de drogas e substâncias psicoativas na RAM.
Maria João Caldeira revelou também que “a PJ está pronta para avançar num projecto de estudo das águas residuais da Madeira, para pesquisa e posteriormente para detecção e avaliação das mesmas.”
A especialista da Polícia Científica do Laboratório da PJ afirmou que “a alteração recente da Lei das Drogas, está um pouco perdida na matéria, limitando-se a identificar as drogas que vão sendo sinalizadas, além da casuística, vamos fazendo estudos e quando verificamos algo fora de comum, comunicamos à Europa e ao nosso representante nacional, sem o prejuízo de estabelecermos outros mecanismos de comunicação”.
Questionada sobre o tempo que se levava a identificar as drogas sinalizadas na Região e o tempo actual, apontou u que “estávamos a demorar dois anos. Identificávamos os novos fenómenos, que já não eram novos, no entanto neste momento o tempo de resposta passou para poucos meses, no máximo três”.
A perita da PJ sugeriu ainda a implementação de "uma legislação mais generalista" como "uma das hipóteses para melhorar o problema do consumo de drogas na Madeira”, alertando que os baixos valores comerciais destas drogas são os principais incentivadores ao seu consumo.
A criação do Laboratório de Polícia Científica na Polícia Judiciária (PJ), no Funchal, inaugurado em 2023, permitiu que passado pouco mais de um ano “conseguíssemos atingir alguns dos nossos objectivos", destacou por outro lado, Maria João Caldeira, assegurando que "conseguimos uma análise mais rápida de todas as drogas incluindo as clássicas e acompanhar o fenómeno das novas, à medida que vão ocorrendo".
Só neste "ano e meio de funcionamento da extensão do laboratório na Madeira", foi detectado o aparecimento de "sete novas substâncias apenas na Região Autónoma da Madeira, a maior parte delas foram detectadas nas apreensões da PJ", realçou a perita, apontando que essas “substâncias nunca antes foram detectadas em mais lado nenhum em Portugal.”
A Madeira é a segunda região do país onde o consumo de novas substancias psicoactivas é mais elevado, depois dos Açores. “Parecia ter havido um retrocesso desta situação, mas outros factores fazem com que estas substâncias voltem a estar na ordem do dia”, acrescentou.
É de relembrar que o impacto das novas drogas foi sinalizado pela primeira vez no arquipélago da Madeira em 2012, desde então já foram feitos mais de 1.000 internamentos por desorientação mental devido às drogas.
A perita da PJ reiterou que a instituição está atenta à problemática nas duas Regiões Autónomas.