Primeiro a Madeira
O que um madeirense espera - sobretudo um madeirense convictamente autonomista - é que o poder político tenha a seriedade de colocar os interesses da Madeira acima de qualquer outro interesse, seja ele colectivo ou individual.
É altura de os partidos políticos, e as suas lideranças, perceberem o ridículo que transmitem para a sociedade com seu comportamento censuravelmente egoísta e tacticista, que não vai além do horizonte temporal de um par de dias, e, pior, do dano que fazem à Madeira e aos madeirenses. Que a Autonomia não fique irremediavelmente comprometida por jogos partidários, jogos individuais, e por se achar razoável querer evitar o inevitável.
Honrar o passado, saber interpretar o presente e construir o futuro
A mesma Autonomia que foi sempre a bandeira dos principais protagonistas políticos da Região, que deu, e bem, slogans a muitas candidaturas à Assembleia da República, por exemplo, que fez os deputados da Madeira à República votarem contra o seu próprio partido, pelos interesses da Região, e que durante décadas foi a grande obra da liderança de Alberto João Jardim.
Honrar o passado, saber interpretar o presente, o que a sociedade pede no momento, para preservar a Autonomia, e construir um futuro melhor para as novas gerações. Sobretudo agora, com o mundo em constante mudança, os tempos digitais acelerados, e fundos europeus como não víamos há muito para alicerçar a economia do futuro sobre a qual se vai realizar a sociedade madeirense das próximas décadas.
O Orçamento de Estado para 2025
A este propósito assistimos todos a um Orçamento de Estado, apresentado na generalidade, que nos desapontou seriamente.
Todos os madeirenses que votaram no PSD nas últimas eleições legislativas nacionais esperavam do Governo da República outra justiça social para com a Madeira. Desde já, ficou claro que a actual Lei das Finanças Regionais não serve os interesses das Regiões Autónomas e que a Madeira não pode aceitar do Primeiro-Ministro outra opção senão o compromisso do PSD Nacional de trabalhar na revisão desta lei (de partidos centralistas, conservadores e corporativos já pouco se espera). E logo Luís Montenegro, que só lidera a candidatura mais votada no Parlamento (Aliança Democrática – PSD/CDS) pelos três deputados eleitos pelo PSD Madeira. Caso contrário, Pedro Nuno Santos teria sido o mais votado. É preciso não esquecer. Para além das transferências por via da lei de finanças, que se traduziu numa redução de verbas, por via do positivo crescimento do PIB regional, há muitos outros temas que afetam a vida dos madeirenses que continuaram omissos ou por cumprir. Que os esforços dos deputados eleitos pelo PSD Madeira, e agora do Governo Regional, continuem a dar frutos na discussão na especialidade, como foi o caso da prorrogação do regime de licenciamentos da Zona Franca da Madeira, uma importante fonte de receita para os cofres da Região.
Ou a aposta no alojamento estudantil universitário, também sob a tutela do Governo da República, que já é uma promessa por cumprir desde há vários ministros e governos, como a construção das residências universitárias da Quinta de São Roque e a requalificação da residência de Nossa Senhora das Vitórias, adiadas há anos, e imprescindíveis no projecto de internacionalização da UMa, para captar jovens universitários de fora e apoios europeus, e dar resposta às famílias de classe média. Apoios europeus que permitiriam minimizar as insuficiências do Estado Central no que diz respeito ao sub-financiamento crónico relacionados com os custos de insularidade.
O futuro da RTP Madeira
Ou o futuro da estação regional da RTP-Madeira, sob a tutela do Conselho de Administração Central da RTP, que responde perante o Governo da República, já com financiamento insuficiente, situação que se pode agudizar com o fim das receitas publicitárias. A RTP Madeira é um instrumento imprescindível de desenvolvimento cultural e social, bem como de manutenção e reforço da Autonomia. A RTP Madeira não pode deixar de cumprir as suas obrigações de serviço público por falta de recursos humanos ou por falta da manutenção devida dos espaços onde trabalham esses mesmos operacionais. A excepcionalidade das autonomias ultraperiféricas deverá permitir um regime excepcional de publicidade, virado para as empresas madeirenses, e um outro investimento por parte da tutela do Governo Central.