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Governo entrega proposta em contexto de incerteza para a economia

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As previsões para o crescimento da economia portuguesa têm sofrido revisões em baixa nas últimas semanas, traçando um cenário de alguma incerteza na altura da entrega da proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).

O Ministério das Finanças ainda não revelou na totalidade o cenário macroeconómico que estará inscrito na proposta de OE2025, que será entregue esta quinta-feira, mas os dados transmitidos aos partidos nas reuniões de setembro apontavam para uma projeção de crescimento do PIB de 2% este ano e no próximo.

No entanto, esse número é agora o mais otimista para este ano. O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa as previsões para o crescimento da economia portuguesa este ano, de 2% para 1,9%, de acordo com o relatório final ao abrigo do Artigo IV publicado na semana passada.

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) não reviu em baixa mas aponta também para um crescimento de 1,8%, abaixo das estimativas do Governo.

E as mais recentes projeções para a economia portuguesa são do Banco de Portugal (BdP), que no Boletim Económico de outubro divulgado esta semana aponta para um crescimento de 1,6% em 2024.

O governador do BdP apontou, na apresentação do boletim, que metade do crescimento previsto para 2024 se deve ao consumo privado, o que "não acontecia há muitos anos em Portugal" e "não é necessariamente o modelo de desenvolvimento mais sustentável na economia".

Como apontou Mário Centeno, a grande maioria das exportações portuguesas "são dirigidas à Europa, mas o mercado europeu não está a crescer e as principais economias estão com dificuldade em retomar níveis de crescimento que possam alavancar o crescimento na Europa".

A OCDE, cujas previsões mais recentes datam de maio, aponta para o mesmo número que o BdP, enquanto a Comissão Europeia projetava, por sua vez, um crescimento de 1,7%, também em maio.

Além das organizações internacionais, também os analistas portugueses têm revisto as projeções: o Fórum para a Competitividade cortou as previsões para o PIB de 2024, indicando que deverá subir entre 1,5% e 1,9%, enquanto o Católica-Lisbon Forecasting Lab reviu em baixa o ponto central da estimativa de crescimento da economia portuguesa para o conjunto do ano, em 0,2 pontos percentuais, para 1,6%.

Já para o próximo ano, as perspetivas são de uma aceleração do crescimento económico. O CFP projeta um crescimento do PIB de 2,4%, o FMI de 2,3% e o BdP de 2,1%.

A OCDE apontava, em maio, para um crescimento de 2% e a Comissão Europeia para 1,9%.

No entanto, existem riscos para este cenário macroeconómico, que se prendem nomeadamente com as tensões geopolíticas que se vivem atualmente e o abrandamento da economia da zona euro, que acaba por afetar o desempenho de Portugal.

As perspetivas para o crescimento da zona euro também têm sido revistas em baixo, nomeadamente devido ao cenário mais pessimista para a Alemanha, conhecida por ser o 'motor' da Europa.

Em setembro, o Banco Central Europeu (BCE) cortou as previsões para 0,8% em 2024, 1,3% em 2025 e 1,5% em 2026, enquanto a OCDE baixou a estimativa do crescimento do PIB da zona euro para 1,3% em 2025.

Ainda assim, há outros fatores que poderão ajudar a recuperação europeia, nomeadamente a flexibilização da política monetária por parte do BCE e também o acelerar do investimento em virtude dos Planos de Recuperação e Resiliência (PRR).