Alterações climáticas agravaram furacão Helene que matou 234 nos EUA
As alterações climáticas intensificaram em cerca de 10% as chuvas e ventos do furacão Helene, que causou pelo menos 234 mortos nos Estados Unidos no final de setembro, de acordo com um estudo publicado hoje.
Ainda que este valor de 10% "possa parecer relativamente baixo, é muito importante sublinhar (...) que uma pequena alteração em termos de perigo pode realmente levar a uma grande alteração em termos de impacto e danos", sublinhou Friederike Otto, responsável da rede de referência científica World Weather Attribution (WWA).
O estudo mostrou também que os combustíveis fósseis -- os principais responsáveis pelo aquecimento global -- tornaram a ocorrência de furacões como o Helene 2,5 vezes mais provável no sudeste dos Estados Unidos.
Por outras palavras, em vez de serem esperados a cada 130 anos, é agora provável que ocorram a cada 53 anos, em média, concluíram cientistas dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Suécia e dos Países Baixos.
Para estudar o Helene, os especialistas concentraram-se em três aspetos distintos: precipitação, ventos e temperatura da água no golfo do México, fator chave na formação de furacões.
"Todos os aspetos deste evento foram amplificados pelas alterações climáticas em vários graus", disse Ben Clarke, coautor do estudo e investigador do Imperial College London, em conferência de imprensa.
"Se os humanos continuarem a queimar combustíveis fósseis, os Estados Unidos vão enfrentar furacões ainda mais destrutivos", advertiu.
Os autores do estudo alertaram que os riscos estão a crescer para além das zonas costeiras.
O furacão Helene "movia-se depressa (...) por isso conseguiu infiltrar-se rapidamente em terra" antes de finalmente dissipar a energia, explicou Bernadette Woods Placky, meteorologista da organização não-governamental Climate Central.
O estudo foi publicado numa altura em que o estado da Florida, no sudeste dos EUA, se prepara para a chegada do Milton, atualmente classificado como um furacão de categoria 5, a mais elevada na escala Saffir-Simpson, com ventos máximos sustentados de 270 quilómetros por hora.
Milton pode ser "a pior tempestade na Florida num século", alertou, na terça-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à margem de uma reunião com os conselheiros na Casa Branca para fazer um balanço dos preparativos.
O sudeste dos Estados Unidos ainda está a recuperar do Helene, que causou inundações e danos consideráveis em meia dúzia de estados.