Milhares assinalam em Telavive um ano do massacre do Hamas
Milhares de pessoas participaram esta noite numa cerimónia em Telavive para assinalar a passagem de um ano desde o ataque do Hamas a Israel e lembrar os reféns que permanecem sequestrados pelo grupo extremista.
Em três ecrãs gigantes colocados no parque Yarkon de Telavive, projetaram-se os nomes de todos os que morreram (cerca de 1.200 pessoas) no massacre de 07 de outubro de 2023 e no conflito a que este deu origem e que dura há já um ano.
Foram também exibidos vídeos dos familiares dos reféns e das vítimas mortais, como Or Gat, irmão mais novo da psicóloga Carmel Gat, cujo corpo foi recuperado em setembro junto a outros cinco reféns num túnel em Gaza.
A autópsia confirmou que Carmel Gat e os outros cinco reféns foram executados pelo Hamas dias antes de as tropas israelitas identificarem o local onde estavam sequestrados.
"Não devia ter acontecido. Ela chegou a tanta gente", lamentou Or Gat, que também perdeu o pai a 07 de outubro.
Por seu lado, os pais das 16 militares israelitas assassinadas a 07 de outubro na base militar de Nahal Oz, junto à Faixa de Gaza, deixaram a promessa de exigir responsabilidades.
Cinco delas fazem parte dos quase 100 sequestrados que continuam em poder do Hamas, com o exército israelita a defender que cerca de trinta desses reféns estarão mortos.
Muitas destas militares foram as que alertaram, meses antes do ataque do Hamas, acerca de movimentações suspeitas na fronteira de Gaza e de treinos de milícias, ainda que ninguém as tenha ouvido, como denunciaram as suas famílias.
"Uma última palavra para o meu filho, Tal, o meu Taltaloni. Se podes ver-me ou ouvir-me, todos sentimos muito a tua falta e estamos a fazer todos os possíveis para que tu e os demais reféns voltem a casa. Não nos vamos dar por vencidos. Desistir deles é desistir de nós", apelou a mãe do refém Tal Shoham.
Os familiares dos reféns, 12 meses depois do massacre, continuam a pedir ao Governo israelita que dê prioridade à assinatura de um acordo de tréguas com o Hamas, cujas negociações estão bloqueadas desde agosto, que permita a sua libertação.
Em tom mais solene que reivindicativo, dezenas de atos de homenagem às vítimas do Hamas decorreram em todo o país: em Reim, onde cerca de 400 pessoas foram assassinadas no festival de música Nova; em Telavive ou em Jerusalém, com a presença do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que destacou que os israelitas se ergueram depois do 07 de outubro como "uma nação de lobos".
Há exatamente um ano, cerca de mil combatentes do Hamas atacaram inesperadamente o território israelita, matando quase 1.200 pessoas e fazendo mais de 200 reféns, dos quais quase 100 assim permanecem.
O Governo de Telavive prometeu aniquilar o movimento islamita, considerado terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
A guerra, que hoje entrou no 367.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 41.900 mortos (quase 2% da população), cerca de 17.000 dos quais menores, e de 97.000 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de um ano de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.
O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.