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Madeira

Metade dos arquitectos projectistas estão a deixar a profissão na Madeira

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A entrega do Prémios de Arquitectura da Madeira e Porto Santo (PAMPS) foi um momento para Susana Neves expressar alegria, mas, igualmente preocupação e tristeza.

A dirigente da secção regional da Ordem dos Arquitectos manifestou satisfação pela qualidade do trabalho dos profissionais na Madeira, de que são exemplo o premiado e as menções honrosas deste ano, mas também preocupação pelas condições em que os arquitectos têm de trabalhar.

A remuneração insuficiente, em especial para um início de carreira, está a afastar muitos profissionais da arquitectura. Cerca de metade dos arquitectos projectistas da Madeira deixaram ou estão em vias de deixar a arquitectura. Têm ido, por exemplo, para guias turísticos e para trabalho administrativo.

Susana Neves não tem dúvidas em afirmar que, actualmente, o arquitecto é o elo mais fraco de todo o processo, o que foi agravado pelo simplex urbanístico, no início deste ano. Veio responsabilizar mais o arquitecto, por algo que lhe escapa. O Estado ‘abdica’ da fiscalização e responsabiliza o arquitecto, que não consegue desempenhar cabalmente o seu trabalho. Essa é uma das razões que estão a fazer muitos arquitectos desistirem da profissão

Na Madeira não há falta de trabalho, mas, infelizmente, do ponto de vista dos arquitectos, muitas pessoas querem o trabalho, mas não estão dispostas a pagar devidamente por ele. Há muitas dívidas por cobrar, por um lado, e, por outro, projectos vendidos muito baratos. Há, garante Susana Neves, alguns vendidos a 500 euros.

O Prémio PAMPS 2024 foi para o Matadouro - Centro Cultural e de Investigação do Funchal, CCIF, do arquitecto Freddy Ferreira César.

O arquitecto, que, além do título de vencedor, recebe 2.500 euros, disse que, para a parte nova do projecto, se inspirou nos templos da antiguidade clássica. A parte antiga, mais simples, de materiais mais baratos, respeitou as características industriais do prédio.  

Houve duas menções honrosas. Uma para o Projecto Quinta de São João, do arquitecto João Nóbrega, e outra para o Conjunto Habitacional Nogueira III e Núcleo de Agroinclusão, dos arquitectos Carlos Gonçalves e Isabel Ramos Marques.

Na cerimónia de entrega do prémio, participou um dos parceiros da iniciativa, a Secretaria da Economia e Turismo, através do secretário Regional. Eduardo Jesus relevou o prémio que aposta em algo que diz muito valorizar: meritocracia. Algo que reconhece o valor e dá o bom exemplo.

Sobre os arquitectos, referiu-se-lhes como ‘diplomatas criativos’, pessoas que têm de gerir equilíbrios difíceis entre, só para exemplificar, promotores, construtores, técnicos…

Eduardo Jesus regista com agrado que, na Madeira, há, cada vez mais, sensibilidade, por parte dos promotores para as questões do património e do território. Deu o exemplo da Quinta de São João, em Câmara de Lobos.

O PAMPS é anual e nasceu em 2021. Distingue alternadamente, ano sim ano não, um projecto de obra nova e um projecto de recuperação. Num ano um projecto de novo, no outro uma recuperação.