Para quando a demissão do governo?
Vivemos tempos de crise política e de crise provocada pela multiplicação de processos de corrupção. O Governo Regional da Madeira está afundado em processos de corrupção e a Autonomia manchada pelo estado de corrupção.
Os novos processos sobre corrupção somam-se, passados que são poucos meses, à outra intervenção de grande escala que envolveu muitos governantes, que ainda estão sob investigação, em processos que ainda decorrem.
A corrupção, a extensão e a profundidade dos problemas de corrupção aparecem, aos olhos da opinião pública, como fazendo parte da natureza do regime na Madeira. Tudo isto apenas confirma o nível de putrefação da governação, destaca a inegável demonstração da podridão moral do regime político.
Por consequência, as multiplicações de processos por corrupção, a banalização do reles nestas ilhas, o descrédito da política e o desacreditar nas instituições democráticas, a vilanagem como regra predominante no exercício do poder, a ideia de uma certa impunidade para as mais descaradas negociatas por parte de quem é detentor de cargo político, a perversa instrumentalização de um determinado estatuto de imunidade, tudo isto e muito mais, coloca, agora, mais do que nunca, como inadiável derrubar o poder político reinante, acentuando o combate à corrupção no regime e o protesto contra a corrupção do regime.
Num tempo em que imperava uma maioria absoluta, reivindicámos a tomada de medidas de combate às situações opacas de financiamento dos partidos políticos, apresentámos propostas para acabar com a promiscuidade política em que titulares de cargos públicos e decisores políticos transitavam para empresas privadas, como também se misturavam as funções de representação institucional e o interesse público com negócios privados.
Numa outra correlação de forças no parlamento, colocámos as denúncias da moscambilha do mundo dos negócios com a governação, da absoluta fusão entre o poder político e os grandes interesses económicos e financeiros. No Parlamento muitas foram as nossas iniciativas para travar práticas de tráfico de influências e de criminalidade económico-financeira nesta Região.
Os problemas da corrupção, que abalam os fundamentos da democracia, hoje, surgem num novo contexto político em que um só partido não tem maioria absoluta no Parlamento Regional.
Então, é incontornável a pergunta: para quando o derrube do regime?
Na verdade, deparamos com uma situação nova nesta Região: o regime só não será derrubado se a oposição parlamentar não quiser.
Por isso, necessária é a interpelação: que é feito daqueles partidos que se diziam 'da limpeza', que iriam acabar “com os tachos” nesta terra, que iriam arrasar “o regime corrupto”?