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Seca afecta produção agrícola na Amazónia brasileira que tenta proteger pequenos produtores

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A seca no estado brasileiro amazónico do Pará tem afetado a produção agrícola, com as autoridades a procurarem proteger e mitigar a situação para os pequenos produtores do estado, que desde meados de setembro decretou situação de emergência.

"Vivemos um clima muito seco e isso afetou a produção, sem sombra de dúvida", disse à Lusa o diretor técnico e ex-presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará, Rosival Possidónio, à margem da Chocolat Amazónia e Flor Pará, que aconteceu entre os dias 26 e 29 de setembro, em Belém, estado do Pará, num evento com centenas de pequenos produtores de cacau da região, que procuram o balanço entre a sustentabilidade da maior floresta tropical do mundo e o cultivo desta espécie originária do Brasil e da Amazónia.

"Afetou bastante a nossa região, todas as regiões", insistiu o responsável, quando cerca de 58% do território brasileiro enfrenta os efeitos daquela que é considerada a pior seca dos últimos 50 anos no país, associada ao fenómeno climático El Niño, que levou ao racionamento de água e eletricidade, bem como a incêndios florestais sem precedentes em vários países que albergam a maior floresta tropical do mundo.

O Governo Federal já anunciou mais de 500 milhões de reais (83 milhões de euros) para ações de emergência de combate aos incêndios e à situação de grave estiagem que atinge grande parte da Região Norte e a Amazónia Legal.

Esta situação levou mesmo o estado do Pará a decretar situação de emergência, considerando os impactos que tem causado "nas atividades agrícolas, no abastecimento de água potável, na pecuária e em outras atividades económicas essenciais" centradas no setor agrícola, que se destaca nacionalmente por produtos como açaí, mandioca, cacau, dendê e abacaxi.

A acrescentar, dados oficiais, divulgados na quinta-feira, apontam que o Pará é o estado brasileiro com mais focos de incêndio, com 255 ou 17,7% das ocorrências no gigante sul-americano.

"O trabalho que temos feito é ajudar os produtores a obterem seguro para protegê-los e terem financiamento", sublinhou Rosival Possidónio, frisando que têm apoiado ainda através de orientações, visando "mais do que a prevenção, para a mitigação".

O Pará tem aproximadamente 300 mil agricultores familiares, o que corresponde a 95% dos produtores estaduais, disseram à Lusa fontes oficiais no evento Chocolat Amazónia e Flor Pará, em Belém.

Sobre a indústria do cacau no Pará, o maior produtor no Brasil, responsável por mais de 50% da produção, Rosival Possidónio frisou que o estado quer mostrar ser possível produzir alimentos livres de agrotóxicos e ao mesmo tempo tornar a Amazónia sustentável e gerar renda para os produtores.

"Toda a nossa atividade é voltada para a produção com sustentabilidade", como a "que se vê neste evento", que terá uma edição, de 24 a 27 de outubro, em Vila Nova de Gaia (Portugal), onde o setor estará representado por operadores do Brasil, Portugal, França, Equador, Itália, Espanha, Japão, Madagascar, Bélgica, São Tomé e Príncipe.