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Milhares recordam em Londres vítimas e reféns do Hamas

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Milhares de pessoas reuniram-se hoje em Londres num evento organizado pela comunidade judaica em memória dos mortos no ataque de 07 de outubro do Hamas em Israel e dos reféns ainda em cativeiro.

"Há um ano atrás, o mundo mudou", afirmou o presidente do Conselho de Deputados dos Judeus Britânicos, Phil Rosenberg, ao abrir o evento em Hyde Park esta tarde, referindo que "a maior parte de nós aqui hoje conhece pessoas que perderam familiares ou amigos no dia 07 de outubro".

Rosenberg recordou em particular os 101 reféns que continuam prisioneiros do Hamas, e urgiu "tragam-nos para casa!", o lema da campanha das famílias dos cativos, repetido hoje pela multidão. 

"O que é realmente chocante, amigos, é que o antissemitismo aumentou de forma mais acentuada no rescaldo imediato do 07 de outubro", continuou Rosenberg, apelando à união da comunidade judaica.

"Sei que este tem sido um ano incrivelmente difícil, mas nós, o povo judeu, temos a resiliência no nosso ADN", vincou. 

O aumento de ataques antissemitas no Reino Unido levou ao reforço das medidas de segurança em redor do evento, com dezenas de elementos da Community Security Trust (CST), uma organização dedicada à proteção dos judeus no Reino Unido, a reforçar o dispositivo policial.

Segundo a CST, que fornece segurança a escolas e locais de culto judaicos, foram registados um número recorde de 5.583 incidentes entre 07 de outubro de 2023 e 30 de setembro de 2024, o triplo do número total de incidentes registados no mesmo período do ano passado no Reino Unido, que foi de 1.830.

A maior parte destes incidentes, que ocorreram sobretudo na capital britânica, envolveu ataques verbais (4.583), ameaças (401) e ataques físicos (302), incluindo um de "violência rara".

Pandora Kay-Kreizman, presente no evento, confirmou a "atmosfera polarizada" no país, o que leva crianças a recusar ir à escola "com medo de serem cuspidos e insultados". 

"Eu própria tenho receio quando saio à rua e tenho medo de usar este colar no metro", mostrando à Agência Lusa uma mealha com um laço amarelo, símbolo de apoio aos reféns.

Esta professora londrina acusa a comunicação social britânica de ser tendenciosa e de se concentrar no sofrimento do palestinianos, esquecendo os israelitas que continuam deslocados e os reféns ainda em cativeiro. 

Para Kay-Kreizman, neste conflito está em causa a defesa da democracia e dos valores liberais democráticos contra o movimento islamita, e confessa que deixou de defender a criação de um estado palestiniano ao lado de Israel. 

"Penso que não seja possível enquanto representantes palestinianos [do Hamas] recorrerem ao terrorismo", explicou.

Também Ido, um anglo-israelita que viajou cerca de 150 quilómetros desde Salisbury, no sudoeste de Inglaterra, para o evento em Londres, confessa-se "envergonhado" por dizer que mudou de ideias e que já não acredita na solução de dois Estados.

"Eu fui um ativista pela paz e participei em manifestações, mas agora acho que é muito arriscado para Israel", conta à Lusa, enquanto segura uma bandeira de Israel. 

O evento, que os organizadores dizem ter mobilizado 30 mil pessoas, foi ameaçado constantemente pelo mau tempo, tendo chegado a cair alguns pingos de chuva. 

Ido olha para o céu e comenta: "Nós temos sorte, os reféns estão presos em túneis e não podem sentir a chuva".