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Crónicas

A segurança (ou a falta dela) nas nossas ruas

Basta uma pessoa pegar num carro, nas ruas de Lisboa para percebermos o que andamos a perder

Esta semana assistimos a mais um crime hediondo perpetrado em plena luz do dia, sem que nada o fizesse adivinhar, na capital do nosso País. O presumível assassino, ao que parece, assassinou três pessoas apenas porque um barbeiro não lhe quis cortar o cabelo na sua hora de almoço. Muitas outras motivações e teorias da conspiração surgiram de seguida que não vale a pena aqui dissecar porque não é esse o motivo da crónica. Se importa referir que era de etnia cigana? Eu faço a pergunta ao contrário, será assim tão importante esconder esse facto como gostam de fazer vários jornalistas, porque agora temos que ser todos muito inclusivos? Eu acho que não, porque embora eu não embarque na perseguição feita pelo Chega, parte da comunidade cigana vive de facto há muitos anos uma vida assente no incumprimento das mais elementares regras de urbanidade, privilegiando uma economia paralela e desrespeitando (e por vezes ameaçando) quem vive paredes meias com eles. E isto só pode ser desmentido por quem gosta de se imaginar num Mundo perfeito, onde todas as pessoas são boas e somos todos iguais, quando isso é irreal e desfasado da realidade.

O tema aqui começa neste caso mas segue o seu rumo mais amplo e transversal e que tem que ver com a crescente insegurança que vamos sentindo nas nossas ruas. E aí o problema trespassa a sociedade como um todo, sem olhar a etnias ou nacionalidades. A mudança de valores, de conceitos e de formas de estar, o que se incute aos mais novos e as recentes bandeiras que alguns puritanos gostam de hastear, tornam a nossa sociedade mais propensa a desequilíbrios mentais, tendem a criar dificuldades na percepção do que é certo e do que é errado mas acima de tudo deixam dúvidas sobre o que são realmente os limites do bom senso. Condições que Portugal sempre se orgulhou de manter. Éramos tanto assim que por tudo e por nada dizíamos de nós mesmos, “povo de brandos costumes”. A questão é perceber o que andamos a fazer a nós próprios ao ponto de alterarmos de forma tão expressiva a visão que temos sobre o Mundo e o respeito (ou falta dele) pelos outros. E assim alteram-se atitudes, normalizam-se comportamentos erráticos e se desculpam condutas, ou porque o coitadinho tem transtornos mentais ou porque teve uma infância difícil e por aí adiante.

Basta uma pessoa pegar num carro, nas ruas de Lisboa para percebermos o que andamos a perder enquanto seres humanos. Discussões, insultos, comportamentos agressivos e perigosos, gestos obscenos, quando não saltam mesmo do carro e se confrontam ali mesmo no meio da estrada. À noite, com a escuridão tudo fica naturalmente pior. Em certos bairros da cidade já não é confortável passearmos a pé a certas horas sem estarmos permanentemente atentos a quem vem atrás ou passa do outro lado. Todas as semanas surgem notícias de novos assaltos à mão armada. Vemos relatos de gangues internacionais que por cá se instalaram e na calada, sem darmos conta, vão tomando posições em negócios e negociatas ilegais. Para quem vive abstraído é perfeitamente compreensível que tudo ainda pareça igual. Mas não está e vai ficar pior. Desde o negócio de tráfico de droga que a própria polícia assume estar descontrolado às máfias que vão controlando a imigração. Ainda no ano passado a PSP obrigou o motorista de um veículo TVDE a abrir a bagageira do seu carro e lá dentro estava outro condutor e não é caso único. A razão é a necessidade do pagamento de dívidas a quem os traz para cá. Sem dinheiro dormem onde podem para juntar o máximo e pagar o que devem.

O problema tem em parte a ver com a imigração desregulada e a política de portas abertas que adoptámos durante os últimos anos sem nos apercebermos que estávamos a contribuir para a degradação do melhor que temos para oferecer. A segurança. Mas tem a ver também com esta nova forma de estar em que tudo tem que ser desculpado e que tudo é visto como inclusão e aí incluo a sociedade como um todo. Os nossos padrões estão a mudar e tudo vamos permitindo, mesmo nas nossas barbas. Isto está a criar naturalmente um clima de cisão evidente e a alimentar grupos extremistas que se aproveitam do assunto. Com a criminalidade a aumentar de forma galopante veremos onde tudo irá parar.