Erdogan acusa Israel de comportamento vergonhoso nas críticas a Guterres
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou hoje Israel de "desafiar descaradamente" o secretário-geral da ONU, António Guterres, a quem Telavive declarou "persona non grata" por não ter condenado imediatamente e explicitamente os ataques do Irão na terça-feira.
"[Israel está a] desafiar descaradamente o secretário-geral da ONU", disse o chefe de Estado turco durante um discurso em Adana, no sul da Turquia, aludindo à decisão do Governo do primeiro-ministro israelita, Benjamim Netanyahu, de declarar Guterres "persona non grata", medida anunciada na quarta-feira pelo chefe da diplomacia de Telavive, Israel Katz.
"196 países do mundo irão provavelmente apoiar o secretário-geral da ONU. Quem é o senhor [Netanyahu] para emitir um decreto contra o secretário-geral da ONU?", prosseguiu o líder turco.
Israel Katz criticou fortemente Guterres por não ter "condenado inequivocamente o odioso ataque de mísseis do Irão" na terça-feira contra território israelita e acusou-o de ser um "secretário-geral anti-israelita que apoia terroristas, violadores e assassinos".
As relações entre a ONU e Israel - um Estado criado por uma resolução da ONU aprovada em 1947 -- têm sido notoriamente difíceis e estão no seu ponto mais baixo desde 07 de outubro de 2023, data do ataque sem precedentes conduzido pelo grupo extremista palestiniano Hamas contra território israelita, que desencadeou a guerra em curso na Faixa de Gaza.
Na quarta-feira, durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU, em que participaram os embaixadores de Israel e do Irão, António Guterres teve o cuidado de "condenar, mais uma vez, nos termos mais fortes, o ataque maciço de mísseis do Irão contra Israel".
No entanto, condenou os dois inimigos declarados, denunciando o "ciclo doentio" de violência numa região à beira de um "precipício".
O Irão bombardeou Israel com mísseis na terça-feira, em retaliação pelos assassinatos do líder da milícia libanesa Hezbollah, Hassan Nasrallah, e de um general iraniano em Beirute, bem como do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão.
Na sequência do ataque, Israel afirmou que irá responder, ao que o Irão insistiu que irá ripostar com mais força.
Israel intensificou os bombardeamentos no Líbano desde 23 de setembro, depois de uma ofensiva de 11 meses na Faixa de Gaza, que se seguiu a um ataque do grupo extremista palestiniano Hamas em solo israelita.
O Hezbollah, apoiado pelo Irão tal como o Hamas, atacou o norte de Israel a partir do sul do Líbano desde o início da guerra em Gaza em solidariedade com os palestinianos.