Ex-Bastonário da Ordem dos Engenheiros defende PPP em áreas prioritárias
"Enquanto não houver riqueza não se pode aumentar salários". A convicção é de Carlos Mineiro Aires, ex-bastonário da Ordem dos Engenheiros.
O especialista, que falava esta tarde no âmbito da conferência 'Infra-estruturas e investimento público como factor de coesão nacional', no salão nobre da Assembleia Legislativa da Madeira, manifestou-se contra a atribuição de subsídios como solução do problema dos salários baixos ou desadequados para as funções.
Uma questão que tem levado à saída jovens engenheiros do país e à falta de mão-de-obra especializadas, com graves impactos na no crescimento da economia e no desenvolvimento de investimentos. Nesse sentido, o engenheiro apelou à vinculação de talentos de forma a diminuir a fuga de cérebros.
O aumento da competitividade da economia nacional foi assim um dos aspetos destacados por Carlos Aires, neste encontro promovido pela Ordem dos Engenheiros - Região Madeira.
Depois de uma retrospectiva sobre as condicionantes culturais, históricas e sociais do país, o ex-dirigente da Ordem dos Engenheiros defendeu como essencial haver pactos de regime sobre as matérias estruturantes. "O país deverá ter visão política e estratégia nacional consensual, unificadora e duradoura", defendeu, apontando como questões prioritárias o aumento das exportações e a optimização da localização geoestratégica, através de portos marítimos adequados e ferrovia moderna e inserida na rede transeuropeia de transporte mercadorias e passageiros.
Carlos Aires apontou a Madeira como exemplo quanto ao impacto positivo do investimento público como factor de coesão nacional, salientando o "notável contributo da engenharia para desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira e melhoria bem-estar das populações”, através da construção de infra-estruturas essenciais como a rede viária e os túneis, factores de proximidade e coesão territorial.
Considerando o Turismo crucial para as regiões autónomas, o ex-bastonário mostrou-se defensor das parcerias público-privadas. "O Estado não pode pagar tudo, pelo que as PPP são respostas às carências de habitação, saúde e ensino. Desde que as regras sejam claras, são um excelente instrumento".
Antes, na abertura da conferência 'Infraestruturas e investimento público como factor de coesão nacional', Miguel Branco destacou o papel vital das infra-estruturas de transporte, nomeadamente portos e aeroportos, como motores do crescimento regional. "Estas infra-estruturas não são apenas fundamentais para o fluxo de mercadorias e bens essenciais, mas também facilitam a mobilidade de pessoas, potenciando o turismo e dinamizando a economia regional", afirmou.
Branco sublinha que um dos grandes desafios é assegurar uma rede de transportes eficiente que promova a coesão territorial e o desenvolvimento equitativo de todas as regiões da Madeira.
A conectividade, especialmente nas regiões mais remotas da ilha, onde há escassez de infra-estruturas de transporte, é uma das áreas prioritárias. Branco realçou que uma rede de transportes moderna e eficiente é crucial não só para o turismo, que constitui uma das principais fontes de receita da Região, mas também para a defesa nacional e a segurança regional.
"Ao olharmos para o futuro da Madeira, temos de considerar o papel estratégico que a nossa localização no Atlântico desempenha. É fundamental integrar a melhoria das nossas infra-estruturas nas estratégias económicas e de segurança mais amplas, especialmente nas "Caraíbas do Atlântico" referindo se à região da Macaronésia, ou seja, os arquipélagos da Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde, cujos representantes vão estar reunidos na Madeira ainda este ano" para discutir estratégias de cooperação, anunciou.
Já Rubina Leal, na qualidade de representante da Assembleia Legislativa da Madeira, salientou a importância do sector da construção civil como um dos principais geradores de emprego na Região Autónoma da Madeira. Dados recentes do Instituto Regional de Estatística (IRE) indicam que este sector tem sido um dos maiores responsáveis pela melhoria contínua dos salários na região.
"A construção civil tem um impacto direto na estabilidade social da Madeira, assegurando não só a criação de emprego, mas também contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das populações", afirmou Leal.
Com o crescimento deste sector, a Madeira tem beneficiado de uma renovação urbana significativa, com projectos de requalificação que visam melhorar as infra-estruturas habitacionais e comerciais. A construção civil tem, assim, um papel crucial na modernização da Madeira, garantindo que a região acompanhe as exigências de um mundo cada vez mais globalizado.