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Tribunal que julga o caso Pelicot autoriza a presença da imprensa e do público

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Foto AFP

O tribunal francês responsável pelo processo de múltiplas violações decidiu hoje autorizar a imprensa e o público a assistirem à difusão de vídeos e fotografias de Gisèle Pelicot, drogada pelo marido e violada por dezenas de homens.

A decisão do Tribunal Penal de Vaucluse, em Avignon (sul de França) foi classificada como uma vitória pelos advogados da vítima, Gisèle Pelicot.

A difusão destas imagens será precedida de um "anúncio que permitirá às pessoas sensíveis e aos menores abandonar a sala", declarou Roger Arata, acrescentando que tal não será sistemático e que só terá lugar nos casos "estritamente necessários ao apuramento da verdade", a pedido de uma das partes.

Desde o início do processo, em 02 de setembro, a sala de audiências está reservada ao tribunal, às partes e à imprensa, estando o público numa sala de retransmissão anexa.

Em 20 de setembro, no final da terceira semana de julgamento, o juiz presidente, Roger Arata, proibiu a exibição das imagens ao público e à imprensa, explicando que eram "indecentes e chocantes" e que, por conseguinte, deviam ser reservadas às partes no julgamento e aos juízes do processo.

No entanto, cinco dias mais tarde, os advogados de Gisèle Pelicot voltaram a pedir o levantamento das restrições, em nome da sua luta contra a violência sexual.

Gisèle Pelicot, violada durante dez anos pelo marido, Dominique Pelicot, e por dezenas de homens desconhecidos que este recrutou pela Internet, depois de a ter drogado com ansiolíticos, tinha-se oposto a que o processo fosse realizado à porta fechada desde o início do julgamento.

Até à decisão de 20 de setembro, o tribunal tinha inicialmente decidido a favor de audiências totalmente públicas.

"Para Gisèle Pelicot, é demasiado tarde, o mal está feito", afirmou hoje um dos seus advogados, Stéphane Babonneau, acrescentando que a vítima "encontrará um sentido para o seu sofrimento", se os debates evitarem que outras mulheres passem pelo mesmo, através da publicidade.

Por outro lado, vários advogados dos 50 co-arguidos neste julgamento opuseram-se ferozmente à presença do público e da imprensa durante a difusão dos vídeos.

"A justiça não precisa que isto passe, para que servem estas projeções nauseabundas? Fizemos uma projeção do primeiro caso. Um filme não é suficiente", argumentou Olivier Lantelme, advogado de um arguido que admite os factos, sem sucesso.

A partir de hoje à tarde serão projetados vídeos dos acontecimentos relativos a alguns dos arguidos, anunciou o juiz presidente.

O julgamento deste caso deverá prolongar-se até dezembro e os acusados podem enfrentar penas de 20 anos de prisão por violação agravada.

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