Presidente do Parlamento “exige uma nova Lei de Finanças das Regiões Autónomas e uma nova Lei de Finanças Locais”
José Manuel Rodrigues na sessão solene comemorativa do 189º aniversário do Concelho de Câmara de Lobos
No Dia do Concelho de Câmara de Lobos, Município que diz ser “um bom exemplo das virtuosidades e dos resultados da Autonomia e do Poder Local, duas das maiores realizações da Democracia portuguesa, que agora completa meio século”, o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira considera que Câmara de Lobos é a prova do “salto qualitativo significativo, que convém assinalar quando alguns parecem querer pôr em causa o fundamento e o desenvolvimento da Autonomia, quer do poder regional quer do poder local”, afirmou.
“É por isso que defendo um princípio da subsidiariedade activa, em que todos os poderes devem estar o mais próximos possível das pessoas; mas isso exige uma nova Lei de Finanças das Regiões Autónomas e uma nova Lei de Finanças Locais”, reclamou.
Para José Manuel Rodrigues “o Estado não pode evocar a descentralização, transferindo competências para as Regiões e para os Municípios, e, depois, esquecer-se dos correspondentes meios financeiros para o exercício desses poderes”, denunciou.
“Do mesmo modo, é essencial majorar as verbas que são transferidas para os Municípios da Madeira e dos Açores porque, devido aos custos de insularidade e da ultraperiferia, têm despesas acrescidas e não podem ser tratados da mesma forma que os concelhos do continente”, acrescentou.
Para o presidente do Parlamento “os direitos de soberania e os custos de insularidade devem ser assumidos pela República e não pode aceitar-se qualquer desresponsabilização do Estado nestas matérias, como tem acontecido, nomeadamente na defesa do território e na segurança de pessoas e bens”.
Aproveitou para dar nota que “as alterações que se preparam no subsídio de mobilidade no transporte aéreo entre as nossas ilhas e o continente não constituem um bom exemplo, antes pelo contrário, parecem revelar que o Estado se mostra incapaz de cumprir o princípio da continuidade territorial e de fazer respeitar os direitos dos portugueses do Atlântico”.
Entende por isso que “os madeirenses e porto-santenses devem pagar apenas a tarifa de residente e não têm nada que pagar por inteiro o preço da passagem, até porque muitos não dispõem de rendimentos para suportar esse adiantamento, que é um custo da responsabilidade do Estado”.
Na intervenção que encerrou a sessão solene do Dia do Concelho de Câmara de Lobos, José Manuel Rodrigues não esqueceu o fogo que “manchou impiedosamente esta fantástica paisagem e queimou a esperança de muitos residentes, que viram os seus terrenos e as suas culturas afectadas pelas chamas, com prejuízos que precisam de ser cobertos pelas entidades públicas”.
Razão para assinalar que “a paisagem natural e aquela que foi humanizada pelo homem, por via do seu trabalho árduo, são o melhor recurso que a Madeira tem para vender a sua imagem como destino turístico. É, por isso, essencial que qualquer intervenção nestas paragens tenha em consideração o Ambiente, esta Paisagem única, esta Ecologia singular, esta Biodiversidade que nos liga do sul ao norte da Madeira”, defendeu.
Reconheceu ainda que “os recentes incêndios vieram demonstrar o quão desafiante é viver nesta terra e como precisamos de ter novas vias de acesso a esta freguesia para fazer face aos desafios das calamidades que, periodicamente, assolam estas paragens e para ligar o Curral ao seu concelho de Câmara de Lobos, que hoje assinala o seu aniversário”.
Por último elogiou o papel dos autarcas.
“Não tenham dúvidas de que a vossa entrega e dedicação à causa pública é um exemplo para todos. Ser autarca é das funções mais exigentes da Democracia, pelo trabalho e tempo despendido, muitas vezes sacrificando a vida pessoal, mas é também dos cargos mais gratificantes, porque resolve problemas imediatos das pessoas e responde aos anseios e aspirações das populações”, concretizou.