Um apelo à responsabilidade coletiva
Recentemente, Portugal foi abalado por um incidente trágico no bairro do Zambujal, que resultou na morte de um cidadão e desencadeou uma onda de violência e vandalismo, com grupos de 40 a 50 indivíduos a espalhar o medo e a destruição em diversos bairros de Lisboa. Este cenário é não só alarmante, mas também revela falhas profundas na resposta da sociedade portuguesa, desde as instituições políticas até os meios de comunicação social.
A morte do cidadão, trágica e lamentável, não pode ser utilizada como um pretexto para a perpetração de atos de vandalismo e violência. No entanto, a reação desmedida de certos grupos e indivíduos é indicativa de um clima de impunidade que, se não for confrontado, pode ter consequências devastadoras para a coesão social e a segurança pública.
Infelizmente, a resposta de muitos dos nossos representantes e comentadores de televisão e da rádio tem sido, em muitos casos, mais incendiária do que conciliadora. Os deputados à Assembleia da República, em vez de unirem-se em torno de um discurso de paz e diálogo, temos visto alguns dos seus membros, a explorar a situação para promover agendas políticas. O ataque à atuação da Polícia de Segurança Pública (PSP), especialmente quando os detalhes do caso ainda estão sob segredo de justiça, apenas agrava a desconfiança nas instituições e nas forças de segurança, que já enfrentam um trabalho difícil e em condições complexas.
É preciso que todos os atores sociais, desde os partidos políticos até os jornalistas e comentadores, reconheçam o seu papel na manutenção da ordem e da paz social. A responsabilidade de comunicar de forma clara, ponderada e responsável é vital neste contexto. Apoiar a violência, direta ou indiretamente, não é uma opção aceitável.
É com este espírito de reflexão e urgência que convidamos todos a participarem no 1.º Congresso da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), a realizar-se nos dias 2 e 3 de novembro de 2024, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, sob o lema “As Forças de Segurança em Democracia: por uma polícia mais próxima do cidadão”. Este evento será uma oportunidade para discutir a importância de fortalecer a relação entre as forças de segurança e a população, promovendo uma abordagem mais humana e compreensiva na atuação policial.
Seria muito relevante que os oradores presentes no 1º Congresso da ASPP – PSP, refletissem sobre a crise e a violência nos bairros de Lisboa. Esses temas não afetam apenas, e diretamente a segurança pública, mas também têm repercussões na confiança da sociedade nas instituições.
Ao abordar os ataques às polícias, é crucial destacar que essas ações não são apenas uma contestação à PSP, mas sim um desafio ao próprio Estado de direito. Os ataques à polícia têm repercussões que vão além da ação imediata, afetando a moral, a coesão e a eficácia das forças de segurança. A reflexão sobre esses aspetos é essencial para encontrar soluções que fortaleçam tanto a polícia quanto a sociedade.
Por isso, fomentar um diálogo construtivo entre a polícia e a sociedade, além de uma análise crítica das causas subjacentes da violência, é essencial. É um convite à reflexão sobre como fortalecer a confiança nas instituições e promover um ambiente seguro para todos os cidadãos e visitantes.
Portugal é reconhecido como um dos países mais seguros do mundo, o que é um grande atrativo para o turismo e para a vida quotidiana dos cidadãos. Quando surgem episódios de violência ou contestação, estes prejudicam e agravam negativamente a imagem do país, afastando turistas e gerando desconfiança entre os residentes.
A violência e o vandalismo em alguns bairros de Lisboa são um apelo à mudança. É hora de a sociedade portuguesa unir esforços para que situações como esta não se repitam, e que possamos construir um futuro mais seguro e coeso. Que possamos aprender com os erros do passado e agir de forma responsável, colocando o bem-estar da nossa comunidade acima de qualquer agenda política.