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Académicos e políticos responsabilizam regime de Maduro por morte de opositor

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Uma centena de académicos e políticos venezuelanos exigiram hoje que se faça justiça e se investigue a morte de Edwin Santos, do partido Vontade Popular (VP), que a oposição diz ter sido detido e assassinado.

No entanto, segundo a polícia, o conhecido dirigente regional do VP no estado venezuelano de Apure (sudoeste do país) terá falecido durante um acidente com uma motocicleta.

Num abaixo-assinado, os assinantes afirmam que "Edwin foi detido na quarta-feira, 23 de outubro, por um organismo de segurança do Estado", por homens encapuzados com uma carrinha preta, havendo testemunhas e inclusive relatos de outros prisioneiros que o viram no lugar onde esteve detido.

No entanto, dois dias depois, "a Venezuela recebeu a terrível notícia da morte de Edwin Santos, um líder social da comunidade de El Nula, Edo Apure".

"Marido, pai de dois filhos, membro de uma comunidade católica, trabalhador e membro do partido VP", referem os signatários.

"É um facto conhecido e público que Edwin foi levado vivo e estava incontactável (...). E na [passada] sexta-feira o corpo de Edwin apareceu numa ponte sobre a qual ele tinha denunciado publicamente em várias ocasiões o seu mau estado e como isso afetava a comunidade", explicam.

Segundo o abaixo-assinado, "perante os factos, tudo indica que não se trata apenas de um caso de desaparecimento forçado, mas também que a pessoa desaparecida apareceu morta".

"A versão do Governo é que ele teve um acidente de viação quando conduzia a sua motocicleta. Mas o Estado tem de explicar à Venezuela e ao mundo como é que alguém que foi detido e mantido incomunicável na sede de um organismo de segurança pode ter um acidente de viação", afirmam.

Denunciam ainda que o Governo venezuelano "tem ameaçado 'investigar' quem denuncie este atroz desaparecimento e morte".

"Pretendem converter em única a sua versão da 'realidade' na Venezuela e anunciam que não tolerarão outras versões dissidentes e tencionam proibir a realidade se esta não lhes convier. Um sinal claro do enorme desespero para silenciar as críticas", lê-se no documento.

"Não podemos permanecer em silêncio perante este ato horrendo que evidencia um crime de Estado", sublinham.

Os signatários defendem ainda que "os venezuelanos e a comunidade internacional devem condenar esta onda de repressão nos termos mais fortes".

"Nós, que nos assumimos como militantes históricos da diversidade de correntes e movimentos de esquerda, progressistas e humanistas venezuelanos, expressamos a nossa solidariedade com a família, camaradas e amigos de Edwin, acompanharemos as suas denúncias e a exigência de justiça e reparação, e condenamos veementemente estas práticas que só podem ser denunciadas como terrorismo de Estado", sublinham.

Exigem a libertação imediata de todos os presos políticos, que os oficiais envolvidos neste facto sejam separados imediatamente das suas funções, e que seja realizada "uma investigação imparcial a toda a cadeia de comando envolvida".

"Apelamos igualmente a todos os movimentos, partidos e governos democráticos de todo o mundo para que condenem este ato com a maior veemência, exijam uma investigação independente, tal como estabelecido na Convenção de Istambul de 1999 e no Protocolo de Minnesota, e denunciem esta escalada de violência e criminalidade que o governo de [Nicolás] Maduro parece estar a aumentar", lê-se no documento.

Segundo o abaixo-assinado, "a Venezuela tem horas negras na sua história, manchadas por crimes de Estado em nome da democracia".

"Esses crimes foram a base da luta por uma sociedade diferente. Aqueles que se apropriaram desse sonho e hoje se disfarçam de socialistas de esquerda cometem os mesmos crimes que nós condenámos. É o crime em nome de uma mentira, uma falsificação total da realidade e do sentido humanista do que foi outrora o nosso sonho libertador", conclui.