França publica mapa que inclui Saara Ocidental como parte de Marrocos
O Governo francês publicou ontem um mapa que inclui Saara Ocidental como parte de Marrocos, depois de Paris ter reconhecido em julho a soberania marroquina como a "única base para alcançar uma solução política justa" para o conflito.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros marroquino destacou, numa mensagem na rede social X, que o mapa foi hoje publicado no 'site' oficial da diplomacia francesa.
Esta iniciativa ocorre depois de o Presidente francês Emmanuel Macron ter reafirmado hoje perante o Parlamento marroquino que "o presente e o futuro" do Saara Ocidental está enquadrado na "soberania marroquina", uma posição que se tem comprometido a defender em diferentes organismos internacionais e que tem como referência o plano de autonomia apresentado em 2007 pelo rei Mohamed VI.
Depois de os Estados Unidos terem reconhecido a soberania marroquina sobre o território, Rabat intensificou a pressão sobre a França para que lhe seguisse o exemplo.
Em 30 de julho, Macron, numa carta dirigida ao rei Mohammed VI, considerou que o futuro do Saara Ocidental se situava "no quadro da soberania marroquina", abrindo caminho a uma melhoria nas relações com Rabat e, por extensão, a uma nova crise com Argel.
Este realinhamento da posição francesa abriu caminho a esta visita de Estado, até então sucessivamente adiada.
"A autonomia sob a soberania marroquina é o quadro no qual esta questão deve ser resolvida, e o plano de autonomia de 2007 [proposto por Marrocos] constitui a única base para alcançar uma solução política justa, duradoura e negociada, em conformidade com as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas', insistiu Macron.
"Enraizada na história, respeitosa das realidades e prometedora para o futuro, é esta a posição que a França vai implementar para apoiar Marrocos nas instâncias internacionais", garantiu o Presidente francês.
A antiga colónia espanhola do Saara Ocidental foi ocupada por Marrocos em 1975, apesar da resistência da Frente Polisário, com quem permaneceu em guerra até 1991, altura em que ambas as partes assinaram um cessar-fogo com vista à realização de um referendo de autodeterminação.
As divergências sobre a elaboração do censo e a inclusão ou não de colonos marroquinos impediram que fosse convocado até agora.
O último revés para o povo saharaui foi o apoio dos governos espanhol e francês ao plano de autonomia marroquino, uma mudança de posição descrita como traição pela Frente Polisário, que recorda também que Espanha ainda detém por direito o poder administrativo do Saara Ocidental.