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Dezenas de milhares de apoiantes de Kamala rumam a Washington para impulso final

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Foto Nuno Veiga / LUSA

"O futuro é uma mulher e ela é Kamala Harris", indicou à Lusa o advogado Ramone, um entre dezenas de milhares de apoiantes da vice-presidente norte-americana que rumaram hoje a Washington para impulsionar a campanha democrata a uma semana das eleições.

 Faltavam cinco horas para o início do evento e já uma fila a perder de vista dava a volta a toda a Casa Branca, repleta de apoiantes de Kamala Harris, a candidata democrata à Casa Branca que apresentará hoje o seu "argumento de encerramento" de campanha, para tentar convencer os eleitores ainda indecisos. 

O local escolhido pela vice-presidente não podia ser mais simbólico: o Ellipse, um grande parque ao sul da Casa Branca onde o ex-presidente e candidato Republicano, Donald Trump, fez o seu polémico discurso em 06 de janeiro de 2021, quando alegou falsamente que tinha sido alvo de fraude eleitoral e instou os seus apoiantes a agirem, o que culminou no infame ataque ao Capitólio norte-americano.

"Estou aqui hoje porque precisamos de Kamala Harris na Presidência. Não podemos correr o risco de ter o Trump por mais quatro anos", indicou Ramone, um advogado de 41 anos que tem percorrido vários estados pendulares para tentar convencer o eleitorado indeciso a votar na vice-presidente e que no próximo fim de semana estará na Pensilvânia - um estado decisivo para estas eleições.

Ramone, assim como muitos outros eleitores norte-americanos abordados pela Lusa, não quis fornecer o seu nome completo.

"Kamala preocupa-se com as pessoas, já Trump só se preocupa consigo mesmo. É por isso que vou bater às portas de eleitores indecisos. Quero fazer parte deste esforço para melhorar o país", explicou.

De acordo com a Polícia de Washington DC, o grande discurso de hoje de Kamala Harris deverá atrair mais de 52.000 pessoas, um número maior do que o previsto inicialmente pela campanha democrata.

"Sei que estamos em Washington DC, uma área em que Kamala já tem muito apoio garantido, mas o ambiente aqui está fantástico. Porém, tenho de dizer que o meu otimismo é cauteloso", frisou o advogado.

As sondagens que têm saído nas últimas semanas não conseguem apontar um claro vencedor deste sufrágio presidencial, indicando que estas poderão ser uma eleições altamente renhidas.

Ellen tem 36 anos e, tal como Ramone, também admite estar "cautelosamente otimista" em relação ao resultado que sairá das urnas na próxima semana.

No entanto, está entusiasmada com a possibilidade de ter - pela primeira vez - uma mulher a liderar o país.

"Estou aqui hoje porque acho importante fazer parte deste impulso final, que poderá tornar o nosso país num sítio melhor, especialmente num momento em que podemos ter uma mulher Presidente, uma mulher de cor", assinalou Ellen. 

O facto de os direitos reprodutivos das mulheres norte-americanas estarem em risco foi um dos motivos que fez Ellen querer juntar-se à campanha de Kamala Harris, que tem entre as suas prioridades reverter as proibições de aborto que vigoram na maioria dos estados governados por republicanos.

Anne, de 71 anos, viajou de Maryland até ao centro da capital norte-americana para apoiar Kamala Harris, com quem assume "partilhar os mesmos valores e interesses".

"Ela é uma mulher e é realmente entusiasmante a possibilidade de ter uma mulher Presidente. Para ser sincera, eu também estava entusiasmada e otimista em 2016, quando Hillary Clinton concorreu à Presidência, mas tudo acabou por desmoronar. Espero não passar pelo mesmo outra vez", assumiu a septuagenária. 

Entre as voluntarias da campanha de Kamala Harris que também se deslocou desde o estado vizinho de Maryland para estar hoje em Washington foi Andrea, de 54 anos, que está preocupada com as ameaças de deportação em massa feitas por Donald Trump contra imigrantes, mas também com a "retórica dividida propaganda" pelo candidato republicano.

"Acho muito importante fazer parte desta 'onda azul' [cor do Partido Democrata], desta comunidade. Tenho feito muito trabalho voluntário a partir de minha casa, tenho mandado cartas a eleitores indecisos, tenho feito telefonemas, tenho realmente tentado fazer a minha parte, porque estas eleições serão muito renhidas e toda a ajuda conta", afirmou à Lusa. 

Milhares de pessoas que não conseguiram entrar no recinto do evento de Kamala Harris optaram por se sentar nos relvados no entorno no Ellipse, onde foi instalado um ecrã gigante para transmitir o discurso da democrata.

Animados ao som de músicas de artistas como Beyoncé e Taylor Swift - duas cantoras que declararam apoio público à candidata democrata -, os apoiantes dançavam enquanto esperavam pela vice-presidente.

No público estavam apoiantes que viajaram de estados como Arizona, Virgínia ou Wisconsin.

No passado domingo, em Nova Iorque, Donald Trump encheu o histórico Madison Square Garden para o seu "argumento de encerramento", um evento que acabou marcado por declarações racistas, especialmente contra a comunidade latina.

As eleições presidenciais norte-americanas estão marcadas para a próxima terça-feira, apesar de praticamente todos os estados do país já terem em curso a votação antecipada ou por correio.