A Paz é o caminho
Nunca, como agora, fez tanto sentido, falar de paz. Os tempos que vivemos são difíceis. Nos últimos dias, a conjuntura geopolítica agravou-se. Há toda uma geração que na Europa dava a paz como garantida e que assiste incrédula ao agudizar do conflito no médio oriente e à continuação da guerra na Ucrânia.
Os efeitos da guerra são devastadores, não só pela morte e destruição que provocam, mas pela constante ameaça à segurança mundial e à estabilidade global e económica.
A Europa do pós - Segunda Guerra Mundial fez-se essencialmente, de dois grandes momentos. De um período de construção de paz de 1945 a 1989 e de um período de fruição da mesma de 1989 a 2022.
Neste momento e a cada dia que passa a instabilidade aumenta, assim como a necessidade de se trabalhar para voltar a encontrar a paz.
Revelou-se por isso de uma enorme importância a participação do primeiro-ministro e do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros do governo português na Assembleia Geral da ONU que teve lugar no final de setembro.
Num momento “particularmente exigente”, Luis Montenegro discursou em português e confessou-se “esperançoso”, apesar do “peso da responsabilidade” de um momento de desafios e crises globais, sobretudo na Ucrânia e no Médio Oriente.
Considerou que a paz deve ser o objetivo principal da ONU e não deixou de criticar a comunidade internacional, por esta não ter sido capaz de resolver conflitos “que se prolongam por décadas”, nem de evitar novos focos de tensão.
O primeiro-ministro condenou de “forma veemente” os horríveis ataques levados a cabo pelo Hamas e a agressão da Rússia contra a Ucrânia e lamentou os efeitos negativos desta guerra, designadamente a crise alimentar, inflacionista e energética que se espalhou pelo mundo inteiro.
Luis Montenegro defendeu “um processo de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas que o torne mais representativo, ágil e funcional”, com mudanças na sua composição (atualmente existem apenas cinco membros permanentes, a saber, a Rússia, China, Estados Unidos, França e Reino Unido e a proposta portuguesa pretende um alargamento dos membros permanentes que abranja o Brasil, a Índia e dois países africanos) e pugnou pela “limitação e o maior escrutínio do direito de veto” apelando a um papel mais ativo das Nações Unidas perante as escaladas dos conflitos.
O primeiro-ministro aproveitou ainda a oportunidade para reforçar a candidatura de Portugal a um lugar de membro não – permanente do Conselho de Segurança, para o biénio 2027-2028, e para manifestar a vontade de ver a língua portuguesa reconhecida como língua oficial das Nações Unidas.
Luis Montenegro voltou assim a estar muito bem, desta feita, no plano da política internacional. O primeiro – ministro continua a surpreender tudo e todos.
Destaco ainda a excelente prestação do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros Paulo Rangel pelo sucesso com que liderou o repatriamento dos portugueses que pediram ajuda nos últimos dias, para sair do Líbano e pelo “lançamento oficial” da campanha de Portugal ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
São neste momento inúmeros, os desafios com que a Comunidade Internacional se depara, em matéria de paz, segurança, direitos humanos e desenvolvimento sustentável.
Todos estes desafios exigem responsabilidade, sentido de estado e um grande envolvimento de todos.
O governo português, defensor intransigente do multilateralismo tem assumido a sua quota – parte e a sua responsabilidade, mas ainda há um longo caminho a percorrer por todos.
Como referiu Mahatma Gandhi “Não há caminho para a Paz – a Paz é o caminho”.