Um governo que arrasta os pés
Necessitamos de energia, empenho e capacidade de resolver problemas
O Governo Regional da Madeira arrasta cada vez mais os pés. Um governo que se arrasta, mas que não pode arrastar os madeirenses e porto-santenses para um beco sem saída. Necessitamos de energia, empenho e capacidade de resolver problemas, ainda para mais quando, nunca como agora, a Região teve tanto dinheiro, seja pelos fundos comunitários, verbas do PRR e receitas de impostos.
As receitas de impostos aumentam mas, e apesar disso, não se resolvem os problemas. Em 2023 o governo arrecadou receitas recordes, foram mais 278 milhões de euros do que em 2022, mas continua a não querer reduzir-se em 30% o IRS e o IVA, permitidos pela Lei das Finanças das Regiões Autónomas. Esta redução era mais do que justa, não para os madeirenses pagarem menos do que os portugueses que vivem no continente, mas o mesmo, tendo em conta os custos da insularidade.
Enquanto o governo arrasta os pés, aumentam as listas de espera na saúde, não se cumprem os tempos máximos de resposta garantidos e faltam medicamentos no hospital. Enquanto isso andamos, invariavelmente, no fundo da tabela das regiões do país com mais pobreza, ou a região onde o salário médio mensal líquido é mais baixo. E Miguel Albuquerque diz achar isto normal.
Enquanto o governo arrasta os pés, há madeirenses que não conseguem comprar ou sequer arrendar casa. A Madeira lidera mesmo a subida do preço das casas no país. Este Governo Regional não tem uma estratégia e uma visão para o problema da habitação. E prova disso é o facto de a pouca habitação nova na Madeira estar a ser construída ao abrigo do PRR, com fundos europeus negociados pelo Governo Socialista. Aliás, foi graças a essa negociação, que se conseguiu duplicar para 5% as verbas a que a Madeira tinha direito, permitindo também duplicar o número de fogos habitacionais. Mas temos de fazer e construir muito mais.
Enquanto o governo arrasta os pés, não protegemos a nossa natureza, queremos construir teleféricos e asfaltar estradas no meio da laurissilva. Não apostamos na prevenção da floresta contra os incêndios. Precisamos de uma melhor gestão da floresta, de valorização do mundo rural, de apostar na silvopastoricia e no sector primário, além de investir no ordenamento do território.
Enquanto o governo arrasta os pés, temos um presidente do Governo Regional que se estendia numa espreguiçadeira do Porto Santo, enquanto a Madeira ardia e pessoas eram obrigadas a abandonar as suas casas, numa desastrosa gestão do combate aos incêndios, apelidada por Miguel Albuquerque como de “sucesso”.
Enquanto o governo arrasta os pés, as investigações judiciais sucedem-se, atingindo o PSD e o Governo Regional, com 40 pessoas implicadas pelo Ministério Público, sem que o presidente do Governo solicite a retirada da sua imunidade, enquanto membro do Conselho de Estado, para assim responder à Justiça.
Enquanto o governo arrasta os pés, Miguel Albuquerque diz que não tem “nada a perder”. Realmente não tem, mas têm os madeirenses e os porto-santenses, com esta governação.