Marta Freitas fala em contradições nas palavras de Pedro Ramos
Parlamentar socialista, que participou na Comissão de Inquérito de hoje, no parlamento regional, aponta discrepâncias entre as respostas do governante madeirense e as declarações das entidades que foram ouvidas na Assembleia da República
No ‘rescaldo’ da audição de Pedro Ramos na Comissão de Inquérito requerida pelo PS para apurar as responsabilidades políticas no combate aos incêndios que deflagraram na Madeira entre os dias 14 e 26 de Agosto, a socialista Marta Freitas reforça as críticas à postura e às declarações do secretário regional de Saúde e Protecção Civil.
Para a parlamentar, que, esta terça-feira, ‘bombardeou’ o governante com várias perguntas sobre o tema diz mesmo que “após a audição ao secretário regional da Saúde e Proteção Civil, fica à vista de todos que aquilo que para Pedro Ramos é um sucesso significou, para mais de 200 pessoas, a saída das suas casas e ainda a destruição de mais de cinco mil hectares de floresta e terrenos agrícolas”.
Em comunicado enviado às redacções no final da tarde de hoje, Marta Freitas critica as declarações do secretário regional e nota a destruição causada em terrenos agrícolas e na floresta, incluindo a Laurissilva, bem como os constrangimentos causados às pessoas que se viram forçadas a abandonar as suas habitações.
Como é possível que o secretário regional continue a dizer que o combate aos incêndios foi um sucesso, se mais de 200 pessoas foram obrigadas a deixar as suas casas por precaução e várias não possam voltar às mesmas devido ao risco de derrocadas? Como é que se pode falar em sucesso, quando cerca de 200 agricultores e 41 produtores de gado foram afetados? Como é que se pode considerar um sucesso a destruição de uma área superior a cinco mil hectares, incluindo uma parte da Floresta Laurissilva, património mundial natural da UNESCO? Marta Freitas, deputada do PS/Madeira no parlamento regional
A deputada socialista diz mesmo serem as declarações de Pedro Ramos uma prova de desrespeito e desprezo por todas as pessoas que foram afectadas pelo grande incêndio de Agosto. Além disso, aponta as contradições verificadas entre o depoimento do secretário regional e os das autoridades e entidades nacionais com responsabilidade em matéria de protecção civil, ouvidas na Assembleia da República.
“O secretário regional andou a ziguezaguear na resposta relativa à recusa da ajuda da República (confirmada pela ministra da Administração Interna), mas a verdade é que, ao confirmar que a formalização do pedido de ajuda por parte do Governo Regional apenas aconteceu tardiamente, no dia 17 de Agosto, está a mostrar que o combate inicial não foi o adequado”, refere a socialista.
A parlamentar lamenta também o facto de Pedro Ramos ter colocado em causa as declarações de instituições idóneas, como a PSP e o Sindicato dos Jornalistas, no que se refere às denúncias de pressões e impedimento de acesso a determinados jornalistas durante os incêndios.