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Madeira

Águas e Resíduos da Madeira recupera Levada do Norte

Canal bastece mais de nove mil regantes entre a Ribeira Brava e Câmara de Lobos

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Foto Arquivo

A Águas e Resíduos da Madeira (ARM) vai realizar obras na Levada do Norte, um concurso público no valor de cerca de um milhão e meio de euros foi lançado para a empreitada de recuperação de dois troços do Canal do Norte – Lanço Sul, estrutura fundamental para o regadio agrícola no eixo compreendido entre a Ribeira Brava e Câmara de Lobos. A obra prevê a colocação de um sistema alternativo que garantirá o fornecimento de água aos regantes, mesmo durante o decorrer das obras. O início da intervenção está previsto para Janeiro do próximo ano.

“A obra consistirá na melhoria do revestimento do canal, bem como a reabilitação de tomadas de água, passagens hidráulicas, travessias, descarregadores de superfície e descargas de fundo situadas ao longo do Lanço Sul da Levada do Norte”, explica o presidente da empresa pública que gere a água em alta e em baixa na Região. Segundo Amílcar Gonçalves, o projecto prevê a melhoria do transporte de água proveniente da Central Hidroeléctrica da Serra de Água, que depois é distribuída na costa Sul. O velho canal é fundamental para o abastecimento, abrangendo mais de 9.000 regantes à sua passagem.

O presidente da ARM explica que este investimento tem como objectivos minimizar as perdas de água e melhorar segurança operacional do canal, bem como promover uma gestão mais eficiente do recurso hídrico. “Sendo historicamente um eixo onde se concentra uma área de agricultura bastante importante (mais de 9000 regantes), existem grandes dificuldades em responder às necessidades hídricas no regadio praticamente durante tudo o ano”, admite o gestor, uma situação que se tem tornado mais complexa com as alterações do clima, revelou. O Outono e o Inverno quase não se fazem sentir na costa Sul. “Historicamente já se comprovou ser muito complicado cortar o regadio nesta zona, mesmo fora do denominado período de

‘giro’ (que ocorre habitualmente, entre 15 de Maio a 15 de Outubro), por ser uma zona de agricultora intensa, extremamente seca e totalmente dependente deste canal principal”.

Face a esta dependência e para evitar prejuízos para os agricultores, a obra será mais complexa, obrigando à colocação de um sistema alternativo que garantirá a continuidade do abastecimento. No fundo, a água será desviada na zona de intervenção e bombeada mais à frente para a levada, garantindo o abastecimento e simultaneamente as condições necessárias para a recuperação do canal.

Os trabalhos de recuperação da Levada do Norte incluem a limpeza e regularização do canal e recuperação do revestimento, havendo zonas em que será criado um canal novo sobre o canal existente, em outras será recuperado o revestimento do existente e em outros casos alteadas as paredes da levada. Os trabalhos vão passar pelo abate de árvores (tais como eucaliptos, pinheiros e acácias) quanto necessário e desmatação de vegetação infestante ao longo dos percursos e talude. Pelo caminho estão 44 passagens hidráulicas, execução dos trabalhos necessários à realização de descargas de limpeza e reparação ou construção de descarregadores de superfície, construção de novas tomadas de água para regadio em caixas de betão armado e fornecimento e montagem de uma válvula. Já a lista de trabalhos complementares prevê a colocação de passagens pedonais, guardas de segurança, o fornecimento e montagem de linha de vida no talude em zonas de risco de queda, a execução de muros ou maciços de suporte de apoio à levada, a recuperação e levantamento do pavimento dos caminhos pedonais existentes junto à levada e os trabalhos de execução do pavimento em calcetamento/assentamento com pedras à vista. A intervenção será realizada em dois troços: entre os quilómetros 9 e 11 e entre os quilómetros 19 e 21.

O concurso público agora lançado tem um valor base de 1,47 milhões de euros, acrescido de IVA à taxa legal em vigor, sendo financiado ao abrigo do Programa de Desenvolvimento Rural da Região Autónoma da Madeira (PRODERAM).

Segundo Amílcar Gonçalves, a obra deverá ser concluída até Julho do ano que vem.