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Alterações Climáticas País

Especialistas pedem acção a Portugal para reverter declínio de aves migratórias

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Foto Shutterstock

Portugal tem uma responsabilidade especial em travar o declínio das aves costeiras, defendeu ontem a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), pedindo mais proteção para os estuários do Tejo e do Sado e menos projetos turísticos.

A posição da SPEA surge depois de a nova Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, publicada esta segunda-feira, voltar a traçar "um cenário preocupante" para as aves, com 60% das espécies em declínio a nível global.

"Particularmente alarmante é a situação das aves costeiras, com 16 espécies a ver aumentado o seu grau de ameaça", sublinhou a SPEA, em comunicado.

"Portugal, como país de que muitas destas espécies dependem na migração, tem responsabilidade especial de fazer mais para contrariar estas tendências", afirmou o diretor executivo da SPEA, Rui Bogalho, citado no documento.

Os novos dados, segundo a mesma fonte, são a prova de que é urgente proteger as aves costeiras, o que em Portugal passa por "proteger e restaurar zonas cruciais" como os estuários do Tejo e do Sado e "não continuar a autorizar desenvolvimentos turísticos hoteleiros megalómanos".

Algumas populações de aves migratórias diminuíram mais de um terço, o que tem repercussões direitas nos ecossistemas e em cadeias alimentares inteiras.

Os peritos destacaram a necessidade de mais colaboração dos governos para reverter perdas de aves migratórias.

A conferência da Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP 16) "deve ser o catalisador para os governos apoiarem os compromissos assumidos há dois anos", com ações significativas para reverter "o declínio catastrófico" nestas populações, instou a BirdLife International, em documento divulgado pela SPEA.

"Com uma em cada oito espécies de aves ameaçadas de extinção e 60% das espécies de aves em declínio a nível mundial, a diminuição das populações de aves sinaliza ecossistemas em crise", sublinhou a organização internacional.

Entre as espécies com maior risco de extinção inclui-se o pilrito comum (Calidris alpina), um pequeno maçarico que diminuiu em pelo menos 20%, com os maiores declínios registados ao longo das rotas migratórias das Américas. Passou para a categoria de "quase ameaçado".

A tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola), conhecida também como tarambola-de-barriga-preta, diminuiu mais de 30%, com possíveis causas a incluir a perda e degradação de habitat, perturbação e caça. É agora considerada uma espécie vulnerável.

O maçarico-real (Calidris ferruginea), que se reproduz no norte da Sibéria e inverna amplamente desde a África Ocidental até à Nova Zelândia, também diminuiu em mais de 30%, provavelmente devido a uma série de ameaças, incluindo perda e degradação de habitat, perturbação, caça e alteração do clima, passando a integrar a categoria "vulnerável".