Os “esquizofrénicos” do turismo
O Sr Ministro da economia Pedro Reis no congresso da APVT, classificou de esquizofrenia os temas menos abonatórios para o turismo que circulam na sociedade. Destacou apaixonadamente os benefícios do turismo para Portugal, inclusive a Madeira, numa linguagem de quem apenas vê pelo prisma dos lucros imediatos para o país mas esquece que esse enriquecimento não trás benefícios palpáveis para a população a não ser, obviamente, a empregabilidade no setor. Vejamos o que ganha o Estado com o desenvolvimento do turismo? Mais divisas a entrar no país, mais empregabilidade e consequente alívio para a despesa com o desemprego, mais descontos para a Segurança Social, mais IRS e mais IRC a entrar nos cofres do Estado. Até aqui o Sr ministro tem razão para estar eufórico. Mas meçamos agora as consequências negativas, ou se quiserem, menos positivas com a atividade turística. O preço do arrendamento na habitação, “proibido” a quem ganha um ordenado médio por via do alojamento local todo destinado ao turismo. O preço dos terrenos para construção, além da inflação bancária “proibidos” a um casal que quer constituir família inflacionados pela facilitação dos vistos Gold, O preço do custo de vida, carne, peixe, verduras, azeite, água, luz, etc, porque os hotéis absorvem tudo a preços caros que os locais, sem poder de compra, são obrigados a acompanhar. Será que o Sr Ministro também pensou nisto quando manifestou a sua euforia? Resumindo: Os “esquizofrénicos” que comentam os pontos negativos do turismo não estão contra, são aqueles que sentem na pele as consequências do seu impacto. Porém, governantes inteligentes podem minora tal impacto e conciliar as coisas de for ma a que os cidadão também beneficiem com o turismo. Ex: uma vez que as receitas turísticas se traduziram em 27 mil milhões de euros em 2024 poderiam usar tal valor para muito mais construção de habitação a custos controlados como fazem na Espanha. Os residentes singulares nacionais ao irem ao supermercado beneficiassem de 10% de desconto mediante o nº contribuinte na fatura. Sr. Ministro, enriquecer o país à custa da miséria dos cidadãos não é desenvolvimento sustentado, é miopia.
Juvenal Rodrigues