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Numa casa com tanto pão…

Podia pensar-se justificado ir buscar aquele ditado da casa e da falta de pão, onde todos ralham e ninguém tem razão, mas nem isso porque se alguém tem conseguido angariar receita em todo o lado sem se preocupar com o que dá em troca tem sido o Estado, Governo e Câmaras Municipais, de várias formas e feitios.

Como explicar então esta distonia – porque parece mesmo ser disso que se trata, uma quase involuntária tentação de ir sacar mais uns dinheirinhos, rápida e pouco sorrateiramente – na criação de mais uma taxa para inglês pagar?

Depois da precipitada e mal fundamentada taxa turística municipal, vem uma ainda mais precipitada e nada fundamentada taxa em alguns percursos pedestres.

Este “alguns” explica tudo! Porquê 7 percursos? Porquê estes 7 percursos? Porquê a pressa em escolhê-los? E porquê uma taxa em cima da outra, com lógicas tão diferentes e tão pouco conciliáveis? Uma impreparação que, no longo-prazo, nos vai sair cara.

Cereja no topo do bolo foi a implementação… 6ª feira passada, pelas 17h, recebemos um email do Gabinete do Director Regional de Turismo a dar-nos conta de que, na 2ª feira seguinte, estes 7 percursos passavam a ser cobrados. Em anexo, enviaram o Jornal Oficial, uma leitura que certamente todos os nossos visitantes não perdem por nada…

Pediam a colaboração dos hotéis para informar os clientes de que, para além da taxa da limpeza dos canteiros e montagem de espectáculos, perdão, da taxa turística municipal, estes passariam para o outro lado mais 3 eurinhos, via portal Simplifica que, tal foi a pressa, não deu para arranjar outra solução. E não havia nenhuma empresa privada a quem delegar a função, a troco de nada…

Para quem anda há anos a pedir uma outra solução para o reembolso do subsídio de mobilidade sem passar pela casa dos Correios é triste perceber que bastaria ter falado com a Dra. Rafaela, uma Senhora com um enorme sentido prático e com zero de preocupação para detalhes. Minudências, diria até, se tivesse caracteres suficientes.

Sou absolutamente favorável ao princípio do utilizador-pagador, como aqui já referi noutras ocasiões. Quem usufrui deve pagar por isso, madeirense ou estrangeiro.

Vai correr mal, no entanto, esta sanha persecutória fiscal em relação aos nossos turistas, que contrariamente ao que parece ser o discurso vigente, são quem nos alimenta e à nossa economia.

O que vão receber a mais nestes percursos do que antes tinham? Como explicar que uma taxa cobra a Câmara e outra cobra o Governo? E como fazer entender esta pressa, semelhante ao que sucedeu em relação à taxa turística?

Não há qualquer limitação do número de pessoas a circular nestes percursos. Não há mais um vigilante contratado. Não há um guia disponível para acompanhar os caminhantes, uma medida extra de segurança implementada, uma casa de banho mais colocada, mais limpeza a ser efectuada.

Só vejo mesmo uma actualização: - no Simplifica! O que, não sei porquê, me parece bastante curto, mas deve ser implicância minha…