Portugal e 12 países da UE criticam visita de Orbán a Tiblissi após eleições
Portugal e outros 12 países da União Europeia (UE) criticaram hoje a "visita prematura" do primeiro-ministro húngaro à Geórgia para demonstrar apoio ao partido no poder, vencedor declarado das legislativas, e condenaram as "violações das regras internacionais" durante o sufrágio.
Em comunicado, os ministros dos Negócios Estrangeiros de 13 Estados-membros, incluindo Alemanha e França, criticaram a "visita prematura" de Viktor Orbán a Tiblissi para congratular o Governo georgiano e apoiá-lo pouco depois da divulgação dos resultados, que continuam a ser contestados pelos observadores internacionais.
"Os observadores internacionais reportaram violações [das regras] durante a campanha eleitoral, assim como no dia da eleição", denunciaram os governantes do bloco comunitário.
Em causa está a "violação dos padrões internacionais de liberdade e justiça" de um processo eleitoral, acrescentaram os 13 ministros, incluindo Paulo Rangel.
Exigindo uma "consulta imparcial" dos resultados e das "violações constatadas" ao longo do processo eleitoral, os governantes pediram que as manifestações "permanecessem pacíficas", sem repressão por parte do Governo.
Subscreveram o comunicado, além de Portugal, Alemanha e França: Polónia, Países Baixos, República Checa, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Irlanda, Lituânia, Luxemburgo e Suécia.
Os observadores internacionais da Aliança Atlântica e da União Europeia denunciaram no domingo que as eleições de sábado na Geórgia foram "marcadas por desigualdades" entre candidatos, "pressões e tensões".
Os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e da UE afirmaram que as eleições naquele país do Cáucaso foram "marcadas por desigualdades [entre candidatos], pressões e tensões", descrevendo o ato eleitoral como "prova do declínio da democracia" na Geórgia.
A agência AFP cita os observadores do Parlamento Europeu que denunciaram fraudes durante aquele ato eleitoral e consideraram que o escrutínio marcou "um retrocesso na democracia" para o país candidato à UE.
"Manifestamos a nossa profunda preocupação com o retrocesso democrático na Geórgia. O desenrolar das eleições de ontem é uma prova lamentável desse facto", afirmaram os observadores, citados pela AFP.
Os observadores europeus apontaram ainda "casos de enchimento de urnas" e denunciaram terem sido alvo de "agressões físicas".
A comissão eleitoral central da Geórgia anunciou na manhã de domingo a vitória do partido no poder, o Sonho Georgiano, com 54,08% dos votos, derrotando a coligação pró-europeia, que se recusou a admitir a derrota.
Em conferência de imprensa, o presidente daquele órgão eleitoral anunciou a vitória do partido do primeiro-ministro, Irakli Kobajidze, referindo que a oposição teve 37,58% dos votos (a Coligação para a Mudança teve 10,8 %, o Unidade - constituído pelo Movimento Nacional Unido (MNU), fundado pelo antigo Presidente georgiano Mikheil Saakashvili, preso, e pelo partido Estratégia do Renascimento atingiram os 10,12 % e os partidos Geórgia Forte e Gajaria para a Geórgia, obtiveram 8,78% e 7,76%, respetivamente).
Ainda na noite de sábado, perante os primeiros resultados do ato eleitoral, a oposição contestou a vitória do Sonho Georgiano, considerando que houve "resultados distorcidos".