O papel da Cultura pensada a três vozes
Cláudia Faria, Graça Alves e Natércia Xavier são três mulheres da Cultura madeirense que subiram ao palco para abordar as suas ideias, exercendo a sua opinião no que à Cultura diz respeito.
A última foi precisamente a primeira a intervir, salientando que não gosta de deixar as coisas pela metade, recordando que as suas opiniões que dá nas redes sociais são essencialmente as que dá na sala de aulas, com os seus, mas garantindo que não nos devemos demitir da participação cívica, que é mais visível nas redes sociais.
Mas a verdade é que estamos mais preparados para a invisibilidade pública. Importa contrariar as situações da presença física, com a possibilidade de enfrentarmos quem discorda de nós, do que nas redes sociais, onde é mais provável encontrar pessoas que concordam com as nossas ideias.
"Assumir um cargo de nomeação pública não é uma carreira", pelo que referiu que não se podem esperar que se fique anos ou meses, é o tempo que o responsável entender por ser um cargo de confiança, defendeu. O seu papel feito na Cultura, cujo "trabalho nunca está concluído", é o que mais a orgulha, ter desempenhado esse papel no período, seja ele qual for.
Graça Alves, que é a directora do Museu de Arte Sacra do Funchal (MASF), autora dos livros "Meu Simão daquela tarde" e "Um pingo de sol na areia", destaca um percurso que a levou do ensino à escrita, desenvolvimento de projectos culturais, numa vida que a levou a um dos projectos da sua vida, o Memórias das gentes que fazem a História, que procurava escrever a história dos que trabalharam, que abriram as levadas, que traçaram os poios, que emigraram, chegando àqueles que fugiram da guerra do Ultramar, com histórias enriquecedoras.
Acredita que o MASF pode ser um caminho, ou um veículo para a evangelização. Manter a equipa e cuidar dela é o seu projecto de presente e futuro, sem descurar um livro que irá apresentar em Janeiro de 2025, que fará a crónica das crónicas dos 75 anos da Escola Salesiana.
Companheira de alegria e da tristeza em todos os dias úteis das suas vidas, juntamente com a anterior oradora, Cláudia Faria levou uns óculos 'de não ver' e um chapéu de palha do Porto Santo, que hoje apenas duas senhoras fazem, mais um caso de artesanato em vias de extinção.
'Refugiada' no Porto Santo desde Dezembro, professora de inglês e alemão durante quase 19 anos, dedicou parte do seu trabalho no projecto 'Deve e Haver' a ler estrangeiros sobre a "mais bela ilha do mundo".
Também recordou Alberto Vieira, antigo director do Centro de Estudos de História do Atlântico, falecido em 2019, que faz muita falta. Uma ‘profeta’ de adopção que não enjeitou a oportunidade de ir viver e trabalhar na ilha, no Departamento da Cultura da Câmara do Porto Santo, que procura criar uma dinâmica entre instituições e entidades do Porto Santo que, defende, está acima de tudo.